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À espera da Qdenga, a vacina contra a dengue

27 de Abril de 2024 às 22:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
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Na semana que passou foi tornado público um estudo liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que mostrou que os esforços globais de imunização salvaram cerca de 154 milhões de vidas ou o equivalente a seis vidas a cada minuto de cada ano nos últimos 50 anos. A grande maioria das vidas salvas — 101 milhões — foi de crianças.

Importante refletir sobre essa informação no momento em que o País enfrenta uma epidemia de dengue e o assunto vacina volta a frequentar as rodas de conversa. As pessoas estão ansiosas por informação de quando o imunizante estará disponível.

A doença tem um padrão sazonal, portanto previsível: a maioria dos casos no hemisfério sul ocorre na primeira parte do ano e a maioria dos casos no hemisfério norte ocorre na segunda metade. Tanto é verdade que na quinta-feira (25), a própria secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, disse que a atual situação é tão preocupante, que modelos matemáticos mostram que a epidemia de dengue de 2025 pode começar já em novembro deste ano. Portanto, é possível realizar ações efetivas para evitar que isso realmente aconteça e a vacina contra a dengue é uma boa aliada nessa missão.

Acontece, que há quase um ano, a Qdenga, tão desejada imunizante, já é aplicado no Brasil (desde junho/julho de 2023) em clínicas e laboratórios privados ao custo entre R$ 301,27 e R$ 500 a dose, segundo tabela da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), ou seja, para poucos bolsos.

Embora aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde março de 2023, a Qdenga chegou ao Sistema Único de Saúde (SUS) há poucos dias, para algumas cidades, e somente para o público para crianças e adolescentes de 10 anos completos a 14 anos de idade (14 anos, 11 meses e 29 dias).

A verdade é que o governo do presidente Luiz Inácio Lula de Silva (PT) demorou mais de nove meses para comprar a vacina contra a dengue, desde a aprovação da Anvisa. O Ministério da Saúde garante que o processo para a compra de doses demorou apenas 144 dias entre o pedido da farmacêutica e a efetivação da compra pelo governo.

Em seus canais oficiais, o governo federal afirma que está trabalhando para combater os casos de dengue no Brasil, inclusive com um programa de vacinação e pediu à população para não cair em boatos, já que pedir para não adoecer não é possível.

O governo federal diz que o Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer vacina contra a dengue no sistema público de saúde, que o Ministério da Saúde adquiriu todas as vacinas contra a dengue que foram disponibilizadas pelo fabricante, o laboratório Takeda, porém as doses estão limitadas à capacidade operacional.

Para suprir a demanda, o Ministério da Saúde precisa dar prioridade à produção nacional da vacina da dengue. Só que a versão nacional (Butantan-DV) está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, desde 2009 e não tem prazo de liberação e utilização. Os ensaios clínicos de fase 3, esse imunizante mostrou uma eficácia de 79,6% para evitar a doença. Neste ano, o acompanhamento completa cinco anos e poderá, então, ser submetido à aprovação da Anvisa e, se aprovada, a vacina poderá ser disponibilizada em 2025.

Na quinta-feira (25), o Ministério da Saúde anunciou o envio da quarta remessa da vacina contra a dengue para mais 625 municípios. Desta vez, Sorocaba e região foram contempladas e devem receber mais de 95 mil doses do imunizante Qdenga.

A expectativa é grande, embora não se tenha uma data definida para a chega das doses. Mesmo que elas cheguem, é necessário preparar a equipe de aplicadores dentro das normas técnicas do Ministério da Saúde. Essa preparação, ao que consta, ainda não ocorreu.

A prevenção e o controle da dengue continuam necessários e devem ser intersetoriais e envolver a família, a comunidade e o Poder Público.