Clubes e grupos reúnem amantes da leitura para discutir literatura
Iniciativas, que se espalham pelo Brasil, têm o objetivo de estimular o hábito, discutir obras
A tarefa de criar -- ou retomar -- hábitos de leitura parece quase impossível diante das necessidades cotidianas. O desafio, porém, não precisa ser encarado sozinho. Cada vez mais clubes de leitura unem pessoas com um interesse em comum: discutir literatura.
Sucesso no exterior, com projetos encabeçados por celebridades, os grupos também se espalham pelo Brasil. Apesar de terem sofrido um baque por conta da pandemia, os clubes retornaram com força. Em São Paulo, a diversidade se reflete nas iniciativas: há clubes de poesia, de prosa e focados em livros escritos por mulheres. Conheça a história de clubes que se reúnem presencialmente na capital paulista.
Iniciativa focada em livros escritos por mulheres, o “Leia Mulheres” nasceu em 2015, inspirado em uma campanha criada pela escritora e ilustradora Joanna Walsh. O objetivo era fazer com que leitores percebessem a ausência de mulheres nas estantes.
Em São Paulo, os encontros acontecem mensalmente, duram cerca de 1h30 e recebem, em média, 25 pessoas. Os locais são variados, como pontua Juliana Leuenroth, de 38 anos, uma das organizadoras. “A ideia é que seja um lugar de fácil acesso -- perto de metrô ou fácil de chegar de ônibus”, diz. O clube é gratuito. Para participar, basta ler o livro do mês e aparecer no dia do encontro. A programação é divulgada no perfil do Instagram do Leia Mulheres SP (@leiamulheressp).
O grupo foi criado na Biblioteca Mário de Andrade pela escritora, pesquisadora e professora de literatura Isabella Martino, de 34 anos, em 2017, para quebrar o estigma de que a poesia é “muito hermética, afastada da realidade ou ultrapassada”.
A diversidade dos participantes é um dos destaques. A pesquisadora conta que, em determinado encontro, o participante mais novo tinha 12 anos de idade. O mais velho, 87. Os encontros ocorrem gratuitamente sempre nas últimas quintas de cada mês, às 19h30, na sala de exposições do 3º andar da Biblioteca Mário de Andrade. Para participar, basta preencher o formulário de cada encontro. Todos são divulgados no bit.ly/ bmariodeandrade.
Há também um Clube de Prosa na Biblioteca Mário de Andrade. A iniciativa surgiu em 2014, em parceria com a Companhia das Letras, que emprestava livros para que os participantes devolvessem ao final de cada encontro. Hoje, o clube é mediado de forma voluntária pelo jornalista e pesquisador Heitor Botan, participante do projeto desde a segunda edição, e faz parte da agenda mensal da Mário de Andrade. A gestão é coletiva.
Heitor conta que os leitores podem participar indicando leituras, apoiando pessoas que estão com dificuldade de acessar o livro, compartilhando materiais de apoio ou convidando mais integrantes. A escolha de cada obra que será discutida também é feita de forma colaborativa, como relata o jornalista. Os encontros regulares ainda são realizados de forma remota, mas há reuniões trimestrais na sala de exposições no 3º andar da biblioteca. (Da Redação)