Elevador em ônibus ainda é obstáculo para pessoas com deficiência

Usuários reclamam de panes no equipamento em diversas linhas que circulam em Sorocaba

Por Virginia Kleinhappel Valio

A aposentada Sandra de Paula, de 66 anos, embarca com a ajuda do elevador, que desta vez funcionou; ela conta que, em outros tempos, a situação era bem pior

Um vídeo divulgado nas redes sociais, três dias atrás, mostrava uma mulher em uma cadeira de rodas, protestando no Terminal Santo Antônio, em Sorocaba. O elevador do ônibus não funcionou e, devido à demora para solucionar o problema, ela ficou em frente ao veículo para impedir a saída. Situações como essa não acontecem somente com a mulher do vídeo.

A aposentada Sandra de Paula, de 66 anos, conta que é deficiente física há 30 anos e depende do transporte público para tudo no seu dia a dia. Ela diz que, às vezes, o elevador não funciona nas linhas do Vitória Régia e do Mineirão. Apesar da dificuldade para embarcar pelo problema do elevador em algumas linhas, a aposentada elogia o transporte público. “Não é toda vez que o elevador funciona. Fora isso, não tenho o que reclamar do transporte de Sorocaba. Os motoristas e agentes de bordo são fantásticos e o transporte melhorou muito. Em outros tempos precisei subir a escada do ônibus sentada, me arrastando”, disse.

O autônomo Cesar Leandro Ribeiro, de 43 anos, também é deficiente físico e comenta que já aconteceu de precisar embarcar e o elevador não funcionar. Ele usa as linhas Nova Ipanema, Carandá e Santa Rosália. Quando o elevador não funciona, ele espera outro ônibus. Mesmo com esse problema, ressalta que utiliza o transporte público todos os dias. “O transporte de Sorocaba funciona”. Outra munícipe também reclama da linha do Carandá: “Acontece muito do elevador não funcionar, principalmente nas linhas do Carandá e Mato Dentro, e sou obrigada a esperar outro ônibus. Precisa fazer manutenção”, opina a dona de casa Vanda da Silva, de 51 anos, que estava acompanhada do filho com deficiência.

Há quem discorde que o transporte público esteja bom, como a autônoma Ivani Aparecida Santos, de 51 anos. Ela estava acompanhando a mãe, que passou a depender da cadeira de rodas após sofrer um AVC e perder os movimentos. Ivani afirma que, antigamente, o transporte público era melhor: “Agora está piorando”.

Ivani comenta que foram várias as vezes que o elevador não funcionou: “Pego o ônibus com a minha mãe três vezes por semana para ir em consultas. Quando é aqui, no Terminal Santo Antônio, nós reclamamos e eles chamam outro ônibus, mas quando é do bairro para o terminal, muitas vezes preciso ficar esperando 30 minutos até chegar o próximo ônibus”, conta. Conforme a autônoma, os problemas no equipamento acontecem nas linhas do Nova Esperança, Novo Mundo, Esmeralda e Vila Angélica.

Para ela, situações como essa deixam o munícipe constrangido. “Minha mãe tem 74 anos. É um constrangimento que passamos. Enquanto o motorista tenta subir o elevador, tem passageiro que fica reclamando. Sem falar no atraso para os compromissos. Já reclamei e espero que façam alguma coisa”.

A reportagem acompanhou o embarque de todos os entrevistados e, com todos, o elevador funcionou. Questionada, a Urbes informou que todos os ônibus em operação no transporte coletivo urbano de Sorocaba contam com embarque de pessoas com deficiência. Segundo a autarquia, o equipamento passa por revisão e teste de funcionamento todos os dias antes de entrar em operação e toda madrugada, previamente ao início das atividades de cada veículo.

“Os casos pontuais são retirados de circulação de imediato, para manutenção, e só retornam após nova vistoria, uma vez que o regulamento do transporte não permite a operação de veículo com falha em rampa. Dessa forma, a Urbes já notificou as empresas operadoras para que, novamente, verifiquem os ônibus das linhas que atendem ao Campolim e providenciem quaisquer eventuais reparos ou melhorias necessárias”, conclui a nota.