Falta de redutor de velocidade provoca acidentes em via de Votorantim

Avenida Rogério Cassola vira ‘pista de corrida’ e coloca vidas em risco

Por Luis Felipe Pio

Falta de lombadas e longos trechos em declive "incentivam" motoristas a desrespeitar o limite de 60 km/h e provocam acidentes constantes

Três acidentes aconteceram na avenida Rogério Cassola, em Votorantim, apenas durante o mês de novembro. Em um deles, um motociclista foi atingido e precisou ser levado pelo resgate. Outro chegou a envolver cinco carros que estavam estacionados. 

A avenida serve como acesso a vários condomínios e, mesmo havendo placas que indicam o limite de 60 km/h, muitos veículos trafegam em alta velocidade. Com alguns trechos em descida e recapeados recentemente, a via não dispõe de nenhum dispositivo para redução de velocidade. Até agora, não houve mortes no local, mas moradores da região consideram que o excesso de velocidade poderá provocar desastres mais graves.

Empresária Cláudia Cintra, de 48 anos, mora em um dos condomínios da avenida Cassola, que é continuação da avenida Gisele Constantino. Ela comenta que o local também possui várias empresas, o que faz funcionários e pedestres em geral caminharem constantemente pela via.

“Para atravessar a avenida é um perigo. As pessoas correm risco de morte ali. Não tem sinalização de solo, não tem nada. (A rua) foi recapeada há alguns meses e (a situação da velocidade dos carros) ficou pior”, disse.

O engenheiro de dados Nelson Alves de Oliveira Júnior, 29, trabalha em uma fábrica de equipamentos de segurança que fica nessa avenida e diz que a maior preocupação é com as pessoas que precisam atravessá-la, muitas vezes, para pegar ônibus, por exemplo.

“E também é um local movimentado, com academia, padaria, escola. A falta de sinalização é um problema. Uma faixa elevada ou um radar resolveria”, opinou.

A trabalhadora doméstica Roberta Kelly Macedo de Araújo, 32, disse que o trecho “é realmente perigoso”. Ela vai trabalhar de motocicleta e se sente insegura quando chega ao local, pois “os carros passam a mil”. Roberta afirma que a prefeitura deveria tomar medidas para amenizar os riscos de acidentes.

O Cruzeiro do Sul questionou a administração municipal, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.

Dá para resolver?

Segundo o advogado especialista em trânsito e mobilidade urbana Renato Campestrini, sempre que os indicadores de acidentes de trânsito mostrarem um número excessivo de ocorrências -- ou, de forma preventiva, vier a ser constatado o excesso de velocidade que pode colocar em risco a vida das pessoas -- as ondulações transversais (chamadas lombadas) podem ser implantadas na via.

Nos Manuais Brasileiros de Sinalização de Trânsito, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a lombada “pode ser utilizada nos casos em que estudo técnico de engenharia de tráfego demonstre índice significativo ou risco potencial de acidentes, cujo fator determinante é o excesso de velocidade praticado no local”.

Radar não multa

Desde 2008, durante a gestão de Jair Cassola (na época filiado ao PDT), os radares de Votorantim não têm licença para operar, por determinação judicial. Atualmente, os dispositivos instalados na cidade pela Splice, empresa responsável pelo serviço, funcionam em regime de teste e não aplicam multa.

Mesmo que o radar não gere penalidades e sirva só de “fachada”, a Splice afirma que ele contribui para a melhoria do trânsito, pois leva os motoristas a respeitarem os limites de velocidade.

Contudo, além dos radares, existem outros dispositivos, como faixa elevada para pedestres, que podem garantir a segurança dos usuários da via.

“De forma voluntária, todo condutor deveria respeitar os limites de velocidade. Como isso não acontece, temos os equipamentos medidores de velocidade, as ondulações transversais (lombadas) e também outras medidas de moderação de tráfego. Entretanto, todas são medidas pontuais”, diz Campestrini. “A solução mesmo seria a mudança de comportamento do condutor, respeitando o limite regulamentado, seja em Votorantim, Sorocaba ou em grandes capitais brasileiras”, acrescenta. (Luís Pio - programa de estágio)