Golpe novo na praça

A modalidade que vem chamando a atenção é o golpe do Pix, praticado por meio de aplicativos de mensagem

Por Cruzeiro do Sul

De tempos em tempos, surgem novos golpes para assombrar a sociedade. Alguns exploram a ganância da vítima e outros atingem os sentimentos, o coração daqueles que vivem para ajudar e acabam sendo ludibriados por malandros profissionais.

Um dos mais famosos sempre foi o conto do bilhete premiado. O golpista fingia ser uma pessoa ingênua para arrancar dinheiro de alguém que achava que estava levando vantagem. E, por mais divulgado que fosse, sempre atraía novas vítimas.

Com o passar do tempo, os golpes foram ficando mais sofisticados e ameaçadores. Os telefonemas na madrugada exigindo dinheiro de resgate para um filho ou filha sequestrado se tornaram clássicos. No desespero, e na pressão imposta pelo criminoso, muita gente chegou a transferir dinheiro para bandidos de todas as espécies.

Agora, a modalidade que vem chamando a atenção é o golpe do Pix praticado, quase sempre, por meio de aplicativos de mensagem. A pessoa recebe um recado eletrônico informando que um parente ou amigo mudou de número de celular e pedindo que o novo número seja cadastrado.

Em seguida, vem outra mensagem informando de uma dificuldade financeira e solicitando um empréstimo. A pessoa acreditando estar ajudando um parente necessitado acaba utilizando a praticidade do sistema Pix para fazer a transferência. Aí já era.

O Pix foi desenvolvido pelo Banco Central e lançado pelo Governo Bolsonaro. É um sistema seguro e sem tarifas de transferência eletrônica de dinheiro. O problema é que no meio do caminho surgiram vários bancos, digitais ou não, que afrouxaram as regras de segurança na hora de abrir contas correntes. Os documentos pessoais são enviados eletronicamente e poucas vezes são efetivamente checados e periciados.

Isso abre a porta para que estelionatários se aproveitem dessas contas abertas por fantasmas para canalizar o recurso dos golpes. Assim que é feito o depósito, o dinheiro é transferido para outra conta e desaparece no limbo. Não adianta nem reclamar para os bancos, nem para a polícia. Ninguém consegue assumir a responsabilidade de resolver esse tipo de problema.

E esse problema só tende a aumentar. Com o incremento no número de usuários do Pix, os golpes também tendem a subir. Entre abril e maio deste ano, foi registrado um aumento de mais de 350% no número de tentativas de golpe, em comparação com os meses de fevereiro e março, segundo dados da Psafe, uma empresa líder em cibersegurança na América Latina.

Já a Secretaria da Segurança Pública não tem dados oficiais sobre esse tipo de golpe. A explicação é que, em muitos casos, os casos são registrados como estelionato.

Diante desse quadro, cada um deve estabelecer um controle próprio para evitar ser vítima desse tipo de armadilha. A pressa sempre é má conselheira. Se você receber uma mensagem desse tipo, pense muito antes de agir.

O primeiro passo é tentar um contato com o parente ou amigo que está solicitando o dinheiro. Conversar com ele, fazer perguntas que só a pessoa real saberia a resposta é um bom caminho para testar a veracidade da informação. Lembre-se sempre: quem tem o interesse de resolver o problema é quem tem o problema. Se a pessoa não te atender, ou alguém desconhecido atender ao telefone, fique ainda mais desconfiado.

Segundo o professor da área de segurança em Tecnologia da Informação (TI) da Fatec de Sorocaba, Fernando Cesar Miranda, os golpistas tentam trabalhar com a emoção e com o sentimento de urgência para acelerar o processo.

“Eles pegam algum tipo de fraqueza, como a preocupação da mãe com o filho que está longe, para viabilizar o golpe”, explica o professor.

O melhor conselho é cabeça fria na hora de analisar a situação e checar todas as informações antes de enviar qualquer dinheiro para alguém. Fique atento também sobre notícias a respeito de outros tipos de golpes que possam surgir. Só assim você vai escapar dos malandros e proteger suas economias.