Pouca teoria e muita prática
De acordo com a Absolar, o setor solar gerou, no ano passado, mais de 352 mil novos empregos verdes no Brasil
Enquanto em Davos, na Suíça, milionários e ideólogos debatem maneiras teóricas para salvar o planeta da poluição gerada por combustíveis fósseis e pelos produtores rurais existe um mundo real com muita gente trabalhando em silêncio na tentativa de melhora as condições da sociedade. São milhares de empresas, órgãos públicos, governos, prefeituras que desenvolvem um trabalho série de sustentabilidade. Só que essas iniciativas nem sempre ganham o merecido destaque. O que a maioria dos ambientalistas quer é arrecadar fundos para Organizações Não Governamentais (ONGs) que se dizem as grandes protetoras da natureza. Só que na prática eles agitam em demasia e apresentam pouquíssimos resultados.
O Brasil, há décadas, é um dos países que mais se preocupa com a preservação da natureza. Nossa matriz energética principal sempre se concentrou nas hidrelétricas. Desenvolvemos os automóveis com motor a álcool quando pouca gente sequer discutia a necessidade de substituir a gasolina e o diesel. Preservamos boa parte de nossas matas e florestas. O número pode não ser o ideal, mas é muito mais que o preservado pela maioria dos países do planeta. Agora estamos investindo pesado também na energia eólica e na solar.
Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) mostrou que, no ano passado, o Brasil recebeu R$ 59,6 bilhões de investimentos em energia solar, somando as grandes usinas e os sistemas de geração própria em telhados, fachadas e pequenos terrenos. O resultado representa um crescimento de 49% em relação aos investimentos acumulados até o final de 2022.
De acordo com esse levantamento, a capacidade instalada de painéis fotovoltaicos aumentou bastante na última década. Em potência instalada, só em 2023, a fonte solar adicionou na matriz elétrica brasileira um total de 11,9 gigawatts (GW), sendo 7,9 GW de geração distribuída e 4 GW de geração centralizada. No acumulado desde 2012, o Brasil possui atualmente 37,2 GW de potência operacional da fonte solar, sendo 25,8 GW de geração distribuída e 11,4 GW de geração centralizada.
De acordo com a Absolar, o setor solar gerou, no ano passado, mais de 352 mil novos empregos verdes no Brasil, espalhados por todas as regiões do território nacional. Desde 2012, a fonte solar fotovoltaica já movimentou mais de R$ 181,3 bilhões em negócios e gerou mais de 1,1 milhão de novos postos de trabalho.
O relatório da entidade afirma, ainda, que os 37 GW de potência acumulada da fonte solar no Brasil ultrapassaram a potência instalada da maior usina hidrelétrica do mundo, a Três Gargantas, na China. Essa usina revolucionária, que desbancou Itaipu, produz 22,5 gigawatts (GW).
Este ano, a produção de energia solar no Brasil deve crescer ainda mais. As projeções da Absolar apontam para a entrada de novos investimentos no setor. Os números indicam que mais de 9,3 GW de potência instalada serão instalados no País. Se esse investimento todo se confirmar, o total acumulado pode passar de 45,5 GW, que equivale a produção de energia de três usinas do tamanho de Itaipu.
Muito desse investimento se concentra em pequenas iniciativas que, somadas, geram um grande avanço. O Governo de São Paulo, por exemplo, inaugurou na quarta-feira, 17, a primeira fase da maior usina solar flutuante do País. Ela está localizada na represa Billings, na capital, e foi desenhada para produzir até 10 GWh por ano a partir da matriz solar, o equivalente ao consumo de 4 mil residências.
Para o governador Tarcísio de Freitas, ‘o projeto é muito interessante porque a gente está aproveitando o espelho d’água para gerar energia, temos a primeira usina fotovoltaica flutuante que vai gerar energia comercialmente no Brasil. É um exemplo que veio para ficar e temos que usar esse potencial para gerar energia limpa, barata e acessível‘.
Da teoria para a prática é uma distância muito grande. O Brasil que trabalha sério está percorrendo esse caminho sem alarde, sem publicidade. Enquanto isso, na gelada Davos, os ambientalistas militantes continuam tecendo teorias estapafúrdias e justificando, de forma grosseira, o fracasso de suas teses.