Casos de Covid-19 em crianças preocupam médicos

Por Jomar Bellini

O médico infectologista Carlos Alberto Lazar. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS (29/2/2016)

O médico infectologista Carlos Alberto Lazar. Crédito da foto: Emidio Marques / Arquivo JCS (29/2/2016)

Os recentes casos de óbitos em crianças por Covid-19 na região de Sorocaba e no país preocupam os especialistas. Nesta semana, uma bebê de um mês morreu em Sorocaba vítima da doença. Em outro caso, o vírus vitimou um menino de 3 anos em Alumínio, fato que levou a Prefeitura a decretar luto oficial na cidade.

“É uma situação muito preocupante, principalmente pelos aumentos de casos da doença entre os mais jovens. Já existiam confirmações em crianças, mas eram poucas. Agora vemos mortes. É um lembrete de que as crianças não estão imunes e precisamos tomar os cuidados necessários”, alerta o infectologista Carlos Alberto Lazar.

O médico conta que já atendeu criança com quadro febril e que posteriormente recebeu a confirmação para o vírus. Segundo ele, a evolução dos quadros entre os menores está parecida com os dos adultos. “É uma situação delicada porque a imunidade ainda está sendo desenvolvida nessa faixa de idade. Os médicos já avaliam principalmente a possibilidade de um comprometimento pulmonar mais intenso”.

O infectologista Alcides Poli Neto diz que os casos de mortes em crianças podem estar relacionados com as novas variações do vírus. “Esse aumento já era esperado, até por conta da exposição e eventualmente as mutações que o coronavírus pode sofrer. O vírus está mudando e estudos apontam um aumento da carga viral e da capacidade de proliferação por conta disso”, avalia. “Os casos registrados servem como alerta para reforçar os cuidados já recomendados contra a Covid-19”, diz o médico ao alertar que para uma possível reavaliação sobre o retorno das aulas presenciais e as medidas sanitárias, já que não existe vacinação para essa faixa etária.

Para a infectologista e especialista em saúde pública, Rosana Maria Paiva dos Anjos, a recomendação é que os recém-nascidos e crianças fiquem em casa. Os responsáveis devem evitar, por exemplo, levar os menores para supermercados.

Um dos pontos elencados é o fato de que o uso de máscaras não é recomendado para menores de dois anos. Segundo o Ministério da Saúde, o uso inapropriado de barreiras faciais oferece risco de asfixia, estrangulamento e morte por engasgo já que um bebê não tem capacidade motora para retirar a proteção em caso de refluxo.

“Fora a máscara, também tem a questão do distanciamento social e higienização das mãos, que não são medidas fáceis de cobrar de crianças pequenas nas escolas e em outras situações. As crianças menores, por exemplo, com menos de 4 anos devem permanecer em casa. Elas estarão mais seguras, desde que a família também se cuide”, avalia.

Casos na região

A morte em Sorocaba aconteceu na quarta-feira (10). A bebê tinha apenas um mês e estava internada em um hospital particular da cidade, conforme o boletim divulgado pela prefeitura.

De acordo com o secretário de Saúde, o médico Vinícius Rodrigues, este foi o primeiro óbito de criança pelo novo coronavírus registrado em Sorocaba desde o começo da pandemia. A Secretaria Municipal de Saúde está monitorando a situação da doença em crianças desde a semana passada, quando recebeu notícias de casos em outras regiões do país.

Alumínio decretou luto oficial na cidade após a morte de Bernardo José Riveira. Segundo o documento, a criança de 3 anos “vinha lutando pela vida, mas por complicações do Covid-19, hoje é mais um anjinho no céu”. O decreto também cita outras mortes em decorrência do novo coronavírus. (Jomar Bellini)