Saúde 5.0: tecnologia aproxima paciente de soluções inovadoras
Além de conciliar medicina e avanço tecnológico, conceito envolve a participação ativa das pessoas no cuidado de seu bem-estar
Propostas da Saúde 5.0 prometem revolucionar a área, ampliando a eficiência do atendimento médico. A nova era é impulsionada por recursos como inteligência artificial, dispositivos vestíveis - chamados de wearables - e blockchain, capazes de transformar a atuação dos profissionais e a experiência dos pacientes.
Assim, o termo Saúde 5.0 é usado para designar práticas médicas que vão além das tradicionais e abraçam a tecnologia como aliada. O conceito se baseia em coleta e análise de dados, monitoramento remoto, telessaúde e incorporação de tecnologias avançadas, como robótica, big data, Internet das Coisas (IoT) e realidade virtual e aumentada.
A evolução tecnológica tem criado um ecossistema de saúde integrado, em que a comunicação entre médicos e pacientes torna-se mais eficaz, e o acesso às informações é facilitado.
A movimentação financeira do setor também impressiona. Pesquisa conduzida pela Grand Research Review, revelou que o mercado global de telemedicina atingiu a cifra de US$ 83,5 bilhões em 2022, com uma projeção de taxa de crescimento anual de 24% até 2030.
Os números refletem os investimentos na área e a influência, cada vez mais significativa, da tecnologia na melhoria dos cuidados médicos e no acesso aos serviços.
É importante ressaltar que diversos profissionais e campos de conhecimento estão envolvidos no avanço tecnológico da medicina. O que faz um cientista da computação, por exemplo, é crucial, pois ele atua no desenvolvimento de softwares para diagnósticos mais precisos, no armazenamento seguro de dados e na construção de equipamentos para tratamentos revolucionários.
Outros especialistas também desempenham funções igualmente importantes. Os engenheiros biomédicos desenvolvem dispositivos médicos avançados, como próteses inteligentes e equipamentos de diagnóstico de ponta, atuando na interseção da engenharia e medicina para melhorar a qualidade dos cuidados de saúde e a vida dos pacientes.
Paciente ocupa posição central nos cuidados com sua saúde
Membro da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde (ABTms), Carlos Colares afirma em artigo divulgado no LinkedIn que a Saúde 5.0 envolve a participação ativa do paciente no cuidado de sua saúde.
O conceito, que também é conhecido como Saúde Digital ou Saúde Conectada, procura revolucionar o tradicional modelo de assistência médica ao empregar tecnologias avançadas para proporcionar cuidados mais individualizados, acessíveis e eficazes.
Nessa abordagem, o paciente assume o papel de um colaborador ativo em sua própria saúde. Dessa forma, são incentivados a monitorar seus indicadores, utilizar aplicativos e dispositivos vestíveis para acompanhar seu bem-estar e compartilhar informações relevantes com os profissionais de saúde, participando ativamente nas escolhas relacionadas aos tratamentos. A perspectiva coloca o paciente no centro dos cuidados, promovendo a autonomia e a participação na gestão de sua melhora.
Os dispositivos eletrônicos vestíveis, chamados de wearables, são relógios, pulseiras, anéis, entre outros itens que monitoram remotamente a saúde. Eles coletam dados em tempo real, como passos, calorias, ritmo cardíaco e qualidade do sono. Embora não sejam precisos o suficiente para diagnósticos médicos, estão ganhando popularidade.
Um estudo da Cisco AppDynamics mostrou que 33% dos brasileiros já usam wearables de saúde, e a expectativa é de que esse número aumente à medida que as pessoas busquem gerenciar melhor sua saúde e bem-estar.
Pesquisadores buscam eficiência com a computação
Um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos, liderado pelos professores Fernando Vieira Paulovich, José Fernando Rodrigues Junior, Maria Cristina de Oliveira e Osvaldo Novais de Oliveira Junior, está empenhado em tornar o sistema de saúde mais eficiente através do uso da tecnologia.
Para isso, buscam integrar soluções que vão da nanotecnologia ao big data, antecipando uma transformação na medicina semelhante ao que ocorreu em outras áreas devido ao avanço tecnológico.
Na avaliação dos pesquisadores, o modelo atual de diagnóstico médico é considerado caro e ineficiente. A equipe está motivada a impulsionar mudanças significativas na área.
Eles apontam que a otimização de recursos e a melhoria na qualidade do diagnóstico demandam a padronização dos dados dos pacientes. Em entrevista ao Jornal da USP, explicaram a ausência de um método uniforme para que os médicos registrem informações relacionadas aos diagnósticos, o que prejudica a integração de dados.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os altos custos das despesas relacionadas ao sistema de saúde nos países estão primariamente associados aos gastos ineficazes causados por decisões mal comunicadas e má gestão.
Pilares da tecnologia na melhoria do sistema
No trabalho que vem sendo desenvolvido pelos pesquisadores da USP, foram identificados três pilares essenciais para aprimorar o sistema de saúde, que servem tanto ao Brasil quanto a outras nações.
O primeiro envolve a nanotecnologia, que se concentra no estudo de substâncias e materiais em nível atômico e molecular, considerados cruciais para a produção de sensores e biossensores usados no diagnóstico de várias doenças, como hipertensão arterial, diabetes, câncer, dengue, entre outras.
O segundo pilar aborda a área de big data e enfatiza a necessidade de utilizar métodos computacionais para armazenar e analisar grandes volumes de dados médicos.
Por fim, o terceiro pilar concentra-se em métodos para a integração de diversas ferramentas e técnicas computacionais, transformando a abundante informação capturada em conhecimento.
O aprendizado de máquina (machine learning) é primordial nesse contexto, pois desenvolve técnicas que capacitam os computadores a realizar tarefas anteriormente exclusivas dos seres humanos por meio do treinamento.