Brasileiro descobre estrela que gira a 5 milhões de km/h

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Brasileiro descobre estrela que gira a 5 milhões de km/h. Crédito da Foto: Observatório Nacional

Brasileiro descobre estrela que gira a 5 milhões de km/h. Crédito da Foto: Observatório Nacional

 

Uma equipe de pesquisadores liderados por um brasileiro descobriu uma estrela do tipo anã branca que precisa de apenas 29,6 segundos para completar um giro ao redor de si, o que a Terra demora 24 horas para fazer. Até então, o período de rotação mais curto já identificado entre estrelas do tipo era de 33 segundos.

A estrela tem uma massa similar a do Sol e volume equivalente ao da Terra, o que faz dela uma estrela “extremamente densa”. Ela tem, como vizinha, uma outra estrela, de massa ligeiramente maior, da qual captura matéria. Juntas, formam o sistema binário CTCVJ2056-3014, movendo-se uma ao redor da outra, em formato e distância similares ao da Lua em relação à Terra.

Segundo o físico Raimundo Lopes de Oliveira, líder da pesquisa, a nova estrela gira a uma velocidade próxima a 5 milhões de quilômetros por hora. Já a Terra move-se a uma velocidade de 1.670 quilômetros por hora na linha do Equador.

“Enquanto a Terra dá um giro completo em 24 horas, que é o que chamamos de dia, essa estrela dá quase 3000 giros”, explica o físico. Segundo ele, poucas estrelas do tipo anã branca já identificadas têm um período de rotação inferior a 100 segundos. “Geralmente a rotação dura de minutos a horas quando em sistemas binários. No caso de estrelas isoladas, costuma levar dias para completar a volta”, acrescenta.

Características

Além do giro em alta velocidade, a estrela anã branca possui outras peculiaridades. Seu campo magnético é mais baixo do que estrelas em sistemas similares, ainda que seja 1 milhão de vezes maior do que o campo magnético da Terra. Ela também tem luminosidade em raio-x mais baixa do que o normal para esse tipo de sistema.

O sistema está localizado a 850 anos luz de nosso sistema solar, distância considerada pequena nas escalas astronômicas. Apesar disso, nenhum telescópio atual consegue ver as duas estrelas deste sistema separadas. Apenas o brilho combinado de ambas pode ser identificado.

A descoberta só foi possível por meio de observações em raio-x, feitas com a ajuda de um telescópio espacial da Agência Espacial Europeia (ESA). As observações foram complementadas com o uso de um telescópio do Observatório do Pico dos Dias(OPD), localizado em Minas Gerais e gerenciado pelo Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA).

Futuro

A pesquisa foi publicada este mês na revista The Astrophysical Journal Letters. Lopes de Oliveira é professor do Departamento de Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e do Observatório Nacional (ON). O estudo reuniu ainda pesquisadores laboratórios do Brasil, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e dos Estados Unidos, como a Nasa (agência espacial norte-americana).

“Essa descoberta nos permite estudar a Física em seu extremo porque esse sistema nos possibilita ter um laboratório de estudo sob condições que não temos aqui em nosso planeta”, explica Lopes de Oliveira. Ele afirma que novas pesquisas devem surgir a partir do estudo sobre a interação de matéria com campo magnético em grande velocidade.

Com isso, na visão do pesquisador, será possível avançar os conhecimentos humanos em áreas como interação de partículas com carga e campos magnéticos e fusão nuclear.

“Além disso, ao estudar uma estrela anã branca, estamos estudando o futuro do nosso Sol. Estudando o fim, podemos entender melhor a evolução como um todo”, complementa. (Agência Brasil)