Militares deixam de apoiar ministro da Saúde depois de entrevista

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Entrevista de Mandetta foi vista como “provocação”. Crédito da foto: Evaristo Sá / Arquivo AFP

Entrevista de Mandetta foi vista como “provocação”. Crédito da foto: Evaristo Sá / Arquivo AFP

As últimas atitudes do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, elevaram a temperatura do confronto com o presidente Jair Bolsonaro e podem acelerar sua saída da equipe, vista até por seus aliados como uma questão de tempo. O estopim da nova crise foi a entrevista dada por Mandetta ao programa Fantástico, da Rede Globo, na noite de domingo.

O tom adotado pelo ministro foi considerado por militares do governo e até mesmo por secretários estaduais da Saúde como uma “provocação” ao presidente. Nesta segunda-feira (13), Mandetta não participou da entrevista coletiva diária para atualização dos dados sobre a pandemia.

No domingo, Mandetta afirmou que o governo carece de um discurso unificado sobre o enfrentamento à pandemia e dirigiu cobranças a Bolsonaro, que tem ignorado recomendações de isolamento social e defendido o retorno ao trabalho.

Nos bastidores, não apenas a ala ideológica do governo como até alguns apoiadores do titular da Saúde já acreditam que, com essa estratégia, ele força uma situação para sair do governo.

“O brasileiro não sabe se escuta o ministro da Saúde, o presidente, quem é que ele escuta”, disse Mandetta ao Fantástico. Mandetta também criticou o comportamento de quem tem quebrado a quarentena. “Quando você vê as pessoas entrando em padaria, supermercado, fazendo fila, piquenique isso é claramente uma coisa equivocada”, destacou. Na quinta-feira, Bolsonaro foi a uma padaria em Brasília.

Há nas Forças Armadas a percepção de que o ministro desrespeita não apenas a hierarquia como acordos firmados. Mandetta tem confrontado o presidente, quando havia combinado com os militares que agiria para acalmar os ânimos. Questionado nesta segunda-feira (13) sobre a cobrança de Mandetta, Bolsonaro desconversou. “Não assisto à Globo, tá ok?”, disse ele, pela manhã, ao deixar o Palácio da Alvorada.(Estadão Conteúdo)