Pazuello diz para prefeitos não reterem vacinas até 2ª dose
Pressionado pelo ritmo lento de vacinação para a Covid-19, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse a prefeitos ontem (19) que não será mais preciso reter metade dos lotes disponíveis até a aplicação da segunda dose do imunizante. A nova orientação passaria a valer a partir do dia 23 deste mês, quando o governo federal espera receber mais 4,7 milhões de vacinas -- 2,7 milhões do Butantan e 2 milhões vindas da Índia.
A mudança não significa que a segunda dose deixará de ser aplicada. No começo da campanha, o ministério pediu para que metade das doses fossem retidas pelo risco de não haver reposição dos estoques a tempo da segunda dose. Pazuello disse aos prefeitos que há segurança agora para usar todos o estoque para a primeira dose e receber novas vacinas dentro do prazo para a segunda aplicação.
O ministro também prometeu antecipar a vacinação de professores. Pazuello se reuniu virtualmente com representantes da Frente Nacional dos Prefeitos. Na terça-feira (16) a entidade se posicionou sobre a escassez de vacinas no País. Cidades como Rio de Janeiro, Salvador e Florianópolis já anunciaram ter parado ou reduzido o ritmo da campanha de vacinação. “Agora, o problema da escassez quem tem de resolver é o Ministério da Saúde”, disse a entidade em nota.
A FNP anunciou pelo Twitter a nova estratégia de vacinação: “Agora, a partir do dia 23, com a chegada de 4,7 milhões de novas vacinas, a imunização será em 4,7 milhões de brasileiros, não a metade, como estava acontecendo até então. A justificativa é que a pasta tem garantia de produção das doses.”
O número de pessoas vacinadas contra a Covid-19 no Brasil chegou na quinta-feira (18) a 5.614.633, de acordo com dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de saúde. Um total de 25 Estados informaram dados atualizados e 211.720 pessoas receberam a primeira dose nas 24 horas anteriores.
Cobrado por um cronograma de entrega de vacinas, Pazuello disse a governadores na quarta-feira (17) que toda a população “vacinável” (menores de 18 anos, por exemplo, não estão recebendo as doses) será imunizada neste ano. Ele ainda prometeu a entrega de cerca de 455 milhões de doses de vacinas em 2021, mas considerou a vinda de imunizantes que ainda nem sequer entregaram todos os dados de segurança e eficácia à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como a Covaxin e a Sputnik V. (Mateus Vargas - Estadão Conteúdo)