Venda de oxímetros explode por conta da Covid
A pandemia da Covid-19 tem tornado comum a compra de aparelhos que antes costumávamos ver apenas nos hospitais. Primeiro foram as máscaras e o álcool em gel, depois alguns tipos de remédios e, agora, são os oxímetros que estão sumindo das farmácias devido à alta procura. O oxímetro mede os níveis de oxigenação do sangue de maneira rápida, e pode ser uma forma de prever possíveis alterações causadas pelo coronavírus.
Essa corrida em busca do aparelho começou quando um artigo publicado no jornal The New York Times alertou para a existência de pacientes da Covid-19 que não sentiam sintomas e, de repente, ficavam com uma falta de ar fatal. O artigo indicava que o monitoramento dos níveis de oxigênio poderia antever este quadro e possibilitar um melhor tratamento. Além disso, surgiram relatos nas redes sociais de pessoas que utilizaram o oxímetro e conseguiram perceber as alterações a tempo.
Um número que mostra como as vendas do aparelho subiram é o de reclamações feitas sobre oxímetro na plataforma ReclameAqui. Entre março e maio, o número de queixas que tinham o aparelho como foco cresceu 1.142%. Os temas principais foram problemas na entrega das compras online e preços abusivos. Alguns estabelecimentos estariam vendendo o produto por um preço até três vezes maior do que o operado antes da pandemia.
O modelo mais comum de oxímetro é o que é colocado no dedo e informa o nível de oxigênio no sangue. Existe também o oxímetro de pulso, que era normalmente usado por atletas, com a intenção de controlar a intensidade e o rendimento dos exercícios físicos, mas agora se consolidou com o uso preventivo.
Antes da pandemia, o uso caseiro dos oxímetros era indicado a pacientes que sofrem ou sofreram de quadros respiratórios, visando controlar as doenças e prevenir ataques. O uso no contexto da Covid-19 vem causando polêmica entre especialistas.
Muitos médicos ressaltam que o uso constante do oxímetro pode causar preocupação desnecessária em pessoas saudáveis, já que pode ocorrer uma queda natural na oxigenação, dependendo das condições e dos hábitos de cada um. Além disso, também existe a chance do aparelho estar desregulado e informar níveis errados. Com isso, a preocupação é que pessoas sem a Covid-19 se desesperem com as informações do aparelho e procurem desnecessariamente um hospital.
Outro fator que preocupa é que os níveis normais de oxigênio no sangue podem variar entre as pessoas, dependendo do tabagismo, prática de atividades físicas e existência de doenças respiratórias. Por isso, o uso do oxímetro sem uma análise prévia faz com que essas pessoas não saibam quais os seus próprios níveis normais, partindo das generalizações e causando mais preocupação.
Por fim, os especialistas alertam para os riscos da falsa sensação de segurança: a pessoa pode estar com Covid-19, mas não apresentar baixa oxigenação sanguínea no oxímetro, o que causa conforto e pode estimulá-la a sair à rua e infectar outras pessoas.