Utilização do VAR gera discussão até dentro das próprias TVs
Flávio Ricco, com colaboração de José Carlos Nery
Durante muito tempo e até hoje é meio assim, a televisão aberta sempre resistiu às transmissões de tênis, vôlei e até basquete, porque os jogos nunca têm hora para terminar. Os comprometimentos na grade de programação sempre são inevitáveis.
O futebol, pós-VAR, não chega a tanto e embora sua utilização se limite para determinados casos -- situações de gol, pênalti, cartão vermelho e erro de identificação --, as paralisações, especialmente aqui no Brasil, são muito demoradas.
E nem sempre de forma satisfatória, porque erros ainda são cometidos, mesmo depois da verificação e até provocando distorções em alguns resultados.
O grande problema, parece, ainda é o desconhecimento. A falta de um melhor treinamento e a dificuldade em usar o equipamento. Não é normal, por exemplo, o tempo gasto para traçar linhas de impedimento, o que em qualquer televisão se faz em questão de segundos.
A dinâmica do jogo, por tudo isso e mais um pouco, foi alterada de forma muito importante. E tempo, em televisão, não se estoca. A demora nessas decisões sempre cai na conta de alguém.
Justiça se faça
Autoridade em arbitragem, Arnaldo Cezar Coelho desde o começo se colocou contra a aplicação do VAR. Não contra a ideia, mas ao exagero na sua utilização: “o torcedor não sabe mais se vibra ou não, grita gol ou não. Ficou complicado”. O próprio Arnaldo repetiu à coluna muito do que falou no SporTV: o único que está ganhando com isso, por enquanto, é o inventor do aparelho.
E disse mais
Arnaldo também entende que as próprias deficiências técnicas tornam o VAR bem discutível. As câmeras nem sempre estão posicionadas para traçar a linha do impedimento corretamente ou se a bola entrou ou não entrou no gol. As discussões, segundo ele, continuam sendo as mesmas ou maiores ainda. O árbitro, ao botar o dedo no ouvido e seguir o que lhe foi passado, está transferindo autoridade -- “o VAR corrói a autoridade do árbitro”.
Vai entender
A produção do Bial conseguiu, para esta última segunda-feira, uma entrevista com Barack Obama e a Globo botou chamadas no ar, um zilhão delas, desde o último sábado. Só que exibiu o programa quase duas horas da manhã, madrugada de terça, 1h49.