Inovação e tecnologia transformam a Ortodontia de Sorocaba para o mundo™
Imagine que uma versão sua, virtual, em 3D, vai ser submetida a uma cirurgia virtual que vai levar em conta todas as suas características e apontar quais os procedimentos devem ser realizados e o aparelho ortodôntico mais indicado. Dessa forma, ganha-se em segurança, agilidade e precisão. A questão é que isso já é real. A Ortodontia é 4.0, uma realidade que é desenvolvida por Cristiane Barros André, a Kika, de Sorocaba para o mundo.
A empresária, formada em Radiologia Médica, é uma estudiosa por excelência. Ela mesma costuma dizer que sempre está em busca de novas soluções e respostas junto a equipe, que é formada por mais 30 profissionais. O inconformismo da profissional a levou a ir em busca do mestrado em Tecnologia da Saúde e do doutorado em Engenharia Biomédica. Há mais de três décadas, ela atua na área de aparelhos ortodônticos.
O resultado disso pode ser literalmente sentido na boca. Há alguns anos quando se ia em busca de um tratamento era necessário o molde com uma massa. Isso costumava gerar muito desconforto para o paciente, inclusive com náuseas até o molde ficar da forma adequada. Isso sem contar os casos nos quais era preciso refazer várias vezes.
Atualmente, o fluxo da empresa é totalmente digital. O envio dos exames e informações é por um sistema criado exclusivamente para isso. A tomografia computadorizada e escaneamento da boca permitem mapear a face do paciente. Os dados são usados em uma cirurgia virtual que irá fornecer todas as guias necessárias para o profissional realizar o procedimento no mundo real. “É um avanço. É possível saber qual é a situação e evitar efeitos colaterais no tratamento”, explica Kika.
A dificuldade permitiu a novidade
E pensar que o avanço foi implementado durante a pandemia do Covid, nos anos de 2020 e 2021. Com a interrupção em muitas atividades, Kika incentivou a equipe a desenvolver o protocolo tecnológico, que já vinha sendo pensado há algum tempo. De lá para cá foram 1.500 cirurgias virtuais. Profissionais de vários países como Estados Unidos, Espanha, Portugal, Argentina, Uruguai e Chile se beneficiam da técnica. “Essa é a nova realidade: trabalhar com segurança e tecnologia. Ainda é desconhecido de alguns. Muitos ainda têm o conceito de um laboratório de prótese, moldes e só. Hoje é mais que isso, tem um suporte com profissionais de várias áreas, de AutoCad, dentistas, engenheiros, entre outros”, detalha a empresária.
A pesquisa que é um dos carros-chefes da empresa continua forte. Está em construção um software para trabalhar ancoragem esquelética. Já durante o doutorado, Kika desenvolveu, a partir da Inteligência Artificial, uma ferramenta para prognóstico em Ortodontia e para usar em casos de pacientes respiratórios bucais. Sim, o futuro já chegou na Ortodontia.
“A tecnologia deixa um caso simples mais fácil e um impossível, possível”, sentencia Kika ao comentar que foram atendidos casos de bebês prematuros que ficariam na UTI por conta de problemas respiratórios e graças as soluções encontradas com o apoio da tecnologia saíram rapidamente.
Pesquisas são a base
A profissional costuma escrever habitualmente para revistas científicas, além disso, por meio da empresa, desenvolve parcerias com instituições de ensino na área de pesquisa, como a Universidade de São Paulo (USP). Logo o trabalho avança além das fronteiras nacionais. Kika não estranhou quando foi procurada por um médico otorrinolaringologista da Pensilvânia (EUA) para uma parceria. Com isso, surgiu uma nova empresa para o desenvolvimento de aparelhos que são usados para expansão do maxilar e indicados para problemas ortodônticos e respiratórios, como apnéia do sono, entre muitas outras situações.
“Há um mês e meio tivemos o primeiro caso aceito por um convênio médico, o procedimento foi feito em São Paulo”, explica Kika ao detalhar que a indicação só vem após o diagnóstico. A vantagem é que é minimamente invasivo se comparado com uma cirurgia ortognática, que é indicada para corrigir e reposicionar os ossos da mandíbula. Ou seja, trata-se de um procedimento feito no consultório odontológico, com anestesia local. “Isso está mudando a vida das pessoas”, comemora.
O sócio americano possibilitou estabelecer o sistema de trabalho. Por meio dos exames, como tomografia e polissonografia, ele faz o diagnóstico. “A tecnologia, aliada aos estudos científicos, permite que o problema seja tratado da forma correta”, define Kika que continua: “Eu presto atenção às queixas, em busca de soluções, para criar recursos para trabalhar de uma forma mais precisa”, fala ao citar que nesse momento a empresa busca ensinar, por meio de cursos, profissionais a aprenderem a usar essa ferramenta. O último foi na capital paulista e o próximo será em Salvador (BA), como um curso pré-congresso brasileiro de otorrinolaringologia, no fim deste ano.
Para ela, não é uma questão de apenas inovar, mas sim promover conhecimento e buscar soluções melhores para pacientes e profissionais. Quem a conhece costuma dizer que ensinar faz parte de quem ela é. Quem ganha? No sentido estrito, a Ortodontia. No amplo, todos que precisam de um tratamento.
Comprovação
O dentista Thales Lippi, mestre e especialista em Ortodontia, pela USP Bauru (SP), sabe disso. Segundo ele, a tecnologia aumentou a previsibilidade nos aparelhos ortodônticos em geral, usando o escaneamento digital em vez de usar as massinhas para moldar. “Temos o mapeamento e podemos transportar a imagem da boca do paciente para o computador. Além disso ainda temos a tomografia computadorizada numa união que permite planejar os dispositivos que vamos usar na boca do paciente e ter mais conforto e chance de sucesso no tratamento”, detalha o profissional. Ele destaca que hoje em dia as falhas que antes ocorriam com frequência são nulas graças à cirurgia virtual. “Estamos mais exigentes, buscamos tratamentos em menor tempo e com melhores resultados”, reforça.
Além disso, o doutor Thales comemora a possibilidade de realizar no consultório os procedimentos que antes só seriam feitos em centro cirúrgico. Dessa forma, o paciente costuma se sentir até mais tranquilo para resolver questões que atrapalham na qualidade de vida. “Muitos pensam que a tecnologia vai limitar a atuação dos ortodontistas, mas na verdade serve para auxiliar no benefício do tratamento”, afirma o profissional, que além do trabalho no consultório também é professor universitário. (Denise Rocha)