Sorocaba faz há 50 anos a fluoretação da água no sistema de abastecimento

Por Denise Rocha

Água volta ao normal em Salto

O início foi antes mesmo da legislação existir. Em 1973, Sorocaba começou a fluoretação na água no sistema de abastecimento. No ano seguinte, entrou em vigor a lei federal de que trata do tema. Em São Paulo, os parâmetros foram estabelecidos por uma resolução, em 2005, que instituiu o Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Proágua).

As análises são feitas semanalmente para avaliar a qualidade da água e nível de flúor. Em Sorocaba, o índice do elemento deve ficar entre 0.6 e 0.8 ppm de flúor. Segundo a Vigilância Sanitária de Sorocaba, menos do que isso não teria resultado algum e em valores maiores pode causar malefícios, como dano ao esmalte dos dentes.

As amostras de água são encaminhadas para o Instituto Adolfo Lutz, que apresenta o resultado em seguida. Qualquer alteração é notificada ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), responsável pelo abastecimento da cidade, para que seja feita a adequação.

Nesta semana, a coleta foi realizada na terça-feira (3), nas ruas dos bairros Caguassu, Parque São Bento, Jardim Botucatu, Jardim Betânia, Lopes de Oliveira, Jardim Itapuá, Jardim Luciana Maria, Jardim Nogueira, Jardim Aeroporto e Jardim Nova Esperança, na Zona Norte.

“A fluoretação da água para consumo humano é uma medida preventiva de comprovada eficácia, que reduz a prevalência de cárie dental entre 50% e 65% em populações sob exposição contínua desde o nascimento, por um período de aproximadamente dez anos de ingestão da dose ótima. É um processo seguro, econômico e adequado”.
Fonte: Fundação Nacional da Saúde (FUNASA)

“É um trabalho silencioso o da Vigilância Sanitária, feito nos bastidores, mas que procura o bem da população. Semanalmente, a Vigilância Sanitária realiza coleta em onze pontos de uma região de Sorocaba, essa coleta é realizada no hidrômetro (cavalete) de residência ou ponto comercial, para verificação da qualidade da água, realizando análises microbiológicas e físico-químicas, sendo que em cinco dessas amostras são conferidos o teor de flúor, atendendo aos parâmetros estabelecidos em legislação”, Ana Paula Proença, Supervisora da Área de Saúde

- No Brasil, é obrigatório a fluoretação da água voltada para consumo humano. Logo, mesmo a engarrafada precisa ter a adição do elemento. A doença cárie é causada pela ação de enzimas liberadas por certas bactérias, presentes na nossa boca. Os resíduos açucarados são atrativos para a ação delas que provocam a fermentação, formando ácidos que desmineralizam o esmalte do dente e causam a deterioração.

“O flúor, ingerido na água, volta pela cavidade bucal na saliva e permanece remineralizando a estrutura do esmalte dentário, o que funciona como uma proteção. Trata-se de uma ação em saúde coletiva, preventiva para a doença cárie, que alcança a todos independente da condição social”, Dra Beatriz Azeredo Pacheco Bartalotti, autoridade sanitária da Vigilância Sanitária de Sorocaba e mestre em Saúde Coletiva

- O flúor também é encontrado em alguns produtos, como creme de dente e enxaguante bucal.

“A melhor prevenção são os bons hábitos, como a escovação dos dentes que ajuda na prevenção doenças bucais, como cárie e doenças gengivais. O acompanhamento constante de um cirurgião-dentista é fundamental para recomendar o que precisa ser feito. Até mesmo quando ocorre a necessidade de um tratamento tópico com o flúor”, Dra Ilda Maria Magalhães Garcia, autoridade sanitária da Vigilância Sanitária de Sorocaba, especialista em Vigilância em Saúde e Endodontia

- As Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) e Unidades de Saúde da Família e Pronto Atendimentos possuem atendimento dentário gratuito. Procure a UBS mais próxima da sua casa para mais orientações sobre o serviço.

Por que vale a pena ir ao dentista?

Traumas na infância, receio de sentir dor e a crença de que um problema pode não ter solução privam muitas pessoas de buscarem tratamentos dentários. A história de José*, um funcionário público aposentado, vai na contramão disso. Acompanhe o relato, de um tratamento que durou cerca de cinco anos, realizado todo em Sorocaba, por uma equipe composta de cinco cirurgiões dentistas.

“Eu convivia com o problema desde a infância e nem percebia a extensão das complicações causadas. A vontade sempre foi resolver, mas até aquele momento não sentia segurança nas alternativas apresentadas. Mas numa conversa informal com um dentista bucomaxilo, comentei sobre o meu problema. Ele tinha feito uma cirurgia bem-sucedida em uma pessoa que foi atingida por um tiro no rosto. E aquilo me motivou a perguntar a opinião dele.

Os exames mostraram a ausência de um dente na frente que causou uma mudança na arcada dentária e impactou até mesmo na respiração. Foi então que o dentista me disse que eu poderia, é claro, morrer por muitas razões, mas existiam grandes chances de isso ocorrer durante o sono por causa da apneia. Foi um susto. O tratamento foi longo, mas cada etapa valeu a pena. Foram feitas duas cirurgias, uma no maxilar para possibilitar o uso de um aparelho para criar espaço para a incisão no osso e colocar outro dente; depois uma na mandíbula para adequação, com a colocação de uma placa e doze parafusos.

O resultado foi ótimo. Até aquele momento eu não sorria mostrando os dentes. Após isso, quando achava que não tinha mais jeito, tudo mudou. Fico à vontade em fotos e para sorrir. Foram muitos benefícios como a melhora na respiração, antes quando viajava de avião, no momento da decolagem, aumentava a pressão na cabeça. Ou seja, não foi só a parte estética, eu ganhei qualidade de vida”. (Denise Rocha)

*a pessoa preferiu não ser identificada; um dos dentistas que participou da equipe responsável pelo tratamento atestou a veracidade das informações.