Saúde mental: Um cuidado que não deve passar em branco
Psicóloga da Ofebas traz dicas e orientações sobre a saúde mental no mês em que se reflete acerca da campanha Janeiro Branco
Sempre que um ano novo se inicia, as listas de metas e desejos para os próximos 365 dias se apresentam. Elas são carregadas de muitos sentimentos e desejos. A questão é que esse mix pode causar sensações capazes de desencadear problemas colocando em jogo a saúde mental. Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde, cerca de um bilhão de pessoas vivem com algum tipo de transtorno mental. Quando o assunto é ansiedade, o Brasil ocupa o primeiro lugar no mundo e o quinto em número de depressivos. Pensando nisso, há 10 anos, foi criada a campanha Janeiro Branco, que tem como objetivo estimular debates, reflexões e ações voltadas para o cuidado emocional e psicológico. Para 2024, o tema escolhido é ‘Saúde mental enquanto há tempo!‘.
Ana Laura Costa dos Anjos (CRP 06/179479), psicóloga da Organização Funerária das Entidades Beneficentes e Assistenciais de Sorocaba (Ofebas), explica que um dos aspectos que tendem a afetar a saúde mental é o sentimento de frustração. Esse sentimento está interligado principalmente pela necessidade de comparação.
‘No início de ano sempre estamos muito empenhados em fazer a ’coisa acontecer’. Mas, com o passar do tempo, pode haver algumas limitações que nos levam a não realização das metas e dos desejos traçados. E precisamos entender que isso é normal, porque a vida não é linear. Mas isso frustra. Afinal, a todo momento nós nos comparamos com o outro; sempre achamos que a vida do outro está melhor que a nossa e que o outro conseguiu realizar tudo o que desejava‘, explica a psicóloga.
De acordo com a profissional, é importante que cada pessoa entenda a própria realidade, assim como comemore as pequenas conquistas, para que o sentimento de comparação deixe de existir. Para ela, as redes sociais são locais de propagação de recortes da vida ‘ideal‘ que ampliam ainda mais tal sentimento.
‘Sempre compartilhamos fotos e vídeos alegres. Mas a vida tem seus dias ruins também. E nós não divulgamos isso; não mostramos as nossas dificuldades, tristezas e vulnerabilidades. A vida real acontece fora das telas. Entretanto, o que é compartilhado nas redes sociais amplia esse sentimento de comparação, frustração e muitas vezes de inferioridade‘, analisa.
Como traçar as metas
Em relação às metas de início de ano, Ana Laura Costa traz dicas de como colocar em prática para, no fim, realizá-las. Primeiramente, ela orienta que as metas e os desejos sejam específicos, mensuráveis e alcançáveis.
‘É importante detalhar o máximo possível. Coloque prazo, informações necessárias; trace caminhos. Veja o que é preciso fazer para torná-las possíveis. Não adianta desejar uma nova vaga de emprego se você não envia currículos ou se não busca capacitação. É preciso organizar o que está em sua mente e partir para a ação, respeitando seu tempo, sua saúde e a própria realidade em que vive‘, ressalta.
A profissional também traz a dica de organizar os desejos e as metas num papel e depois deixá-los em um lugar que possa sempre consultar. Pode, ainda, fazer colagens de imagens que representam a realização do desejo. Isso ajuda na visualização e incentiva a colocar em prática.
A iniciativa do Janeiro Branco vem sendo refletida nos consultórios de terapia no primeiro mês do ano. Uma pesquisa da Associação Brasileira de Psicologia da Saúde (ABPS), divulgada no ano passado, revelou que mais de 80% dos psicólogos perceberam um aumento na demanda por atendimento durante esse período.
Entretanto, além da busca pela ajuda psicológica, há algumas dicas e práticas diárias que podem auxiliar no cuidado com a saúde mental, como atividade física, alimentação balanceada e uma boa noite de sono.
‘O principal objetivo do Janeiro Branco é que você fale sobre a sua saúde mental. Então fale de qualquer aspecto que te afete, como estresse, ansiedade, frustração, cansaço, tristeza, depressão e tudo mais, assim como encontre uma rede de apoio ou, se for o caso, busque ajuda psicológica. É importante a sociedade ter essa conscientização para conquistar cada vez mais a qualidade de vida‘, finaliza.
Atendimento psicológico
Pensando no propósito de acolher e cuidar da saúde mental das pessoas, sobretudo daquelas que passam pela perda do ente querido, um projeto de destaque da Ofebas é o ‘Continuar a Viver‘. Esse projeto oferece assistência psicológica ao grupo familiar ou de forma individual, fornecendo às pessoas uma vivência ao processo do luto de maneira mais acolhedora, com escuta e atenção aos sentimentos.
‘A Ofebas cuida de vidas. Ela acolhe quem precisa de nós no momento mais delicado, que é a partida de quem amamos. Oferece a assistência psicológica porque acredita que uma mente tranquila tem melhores condições para trazer a reorganização da vida e do equilíbrio necessário. Assim, a pessoa consegue continuar a viver mesmo após a perda de alguém tão importante‘, comenta Patrícia Peixoto, gerente de negócios da organização.
Encontros online
Todos os meses, a Ofebas promove encontros online com temas que trabalham o luto e o cuidado com a saúde mental. Esse é um espaço de escuta e acolhimento. E, mais do que isso, ser um ponto de troca, apoio e reflexão. Eles são conduzidos pela psicóloga da Ofebas, Ana Laura Costa dos Anjos (CRP 06/179479), e ocorrem via Google Meet.
O encontro deste mês traz como tema ‘Como perceber e acolher as emoções: um cuidado que não deve passar em branco‘. Ele acontece no dia 22 de janeiro, a partir das 19h, via Google Meet.
É gratuito e aberto a todos os interessados (18 anos +). Para participar, é necessário se inscrever previamente. O link está disponível nas redes sociais da organização: @ofebassocial. (Thaís Marcolino)