Comédia no horário das seis pode dar certo?
Flávio Ricco, com colaboração de José Carlos Nery
Há muito tempo se estabeleceu na Globo um padrão para suas três principais novelas. O horário das 18h sempre teve como característica principal os trabalhos de época, roteiros com forte carga dramática e discussão de temas sociais e históricos. Comédia, comédia mesmo, nunca foi o caso, salvo pequenas tentativas.
O fato é que quando se fala em humor nas novelas da Globo, logo se imagina a faixa das 7h da noite, porque assim foi determinado lá atrás, deixando temas “mais densos” para as 21h.
Porém, agora, ou logo depois da quase infantil “Amor perfeito”, virá o remake de “Elas por elas”, um clássico do Cassiano Gabus Mendes exibido em 1982, adaptado para os tempos atuais por Thereza Falcão e Alessandro Marson, com direção de Amora Mautner.
Em cima disso
A grande dificuldade em todo e qualquer remake sempre será tornar personagens tão marcantes como foram na primeira versão. Por exemplo: quem poderia ser o novo Odorico Paraguaçu, imortalizado por Paulo Gracindo em “O bem amado”. Ou o Sinhozinho Malta, do Lima Duarte, de “Roque santeiro”. É até bom parar por aí.
Trama perdida
Em algumas novelas têm histórias que começam e se perdem pelo caminho, ainda mais quando o roteiro se vê obrigado a priorizar a trama dos protagonistas. É o caso do bom ator Thiago Fragoso (foto) em “Travessia”. Virou figurante, com o personagem Caíque. A discussão sobre assexualidade não virou.
Em compensação
Necessário destacar o bom momento de João Emanuel Carneiro com “Todas as flores”. Montou uma boa história, usou pesos muito corretos na divisão das suas tramas e, por tudo que foi apresentado e disponibilizado até aqui, já se coloca na galeria dos seus principais trabalhos.