Mais programação para o palco da Fundec
Ampliar o número de concertos, buscar patrocínios da iniciativa privada e engajar a comunidade a participar das atividades artísticas e educacionais promovidas pela Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba (Fundec) são alguns dos objetivos do engenheiro civil aposentado Antonio Carlos Sampaio, que assumiu a presidência da instituição em janeiro deste ano.
Sorocabano que voltou a morar em sua cidade natal depois de 30 anos atuando como head de prédios e instalações de uma montadora automobilística em São Caetano do Sul, Sampaio foi diretor financeiro do Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba (Macs) e atuou como diretor técnico da Fundec de 2016 a 2019 -- nas duas gestões de seu antecessor, Luiz Antonio Zamuner --, antes de ser eleito presidente da nova diretoria-executiva.
Sensível às artes e consciente do poder transformador da educação, especialmente a musical, Sampaio demonstra entusiasmo diante do desafio de administrar a instituição cultural resposável pela gestão da Orquestra Sinfônica de Sorocaba (OSS), a qual que considera um “patrimônio da cidade”, e do Instituto Municipal de Música de Sorocaba (IMMS), escola que forma músicos de alto nível e tem atualmente cerca de 800 alunos.
À frente da nova diretoria-executiva, cujos membros são voluntários, Sampaio aposta no know-how adquirido no mundo corporativo para implantar soluções assertivas na gestão da entidade cultural. A primeira delas, iniciada há quatro anos, quando era diretor técnico, foi a criação de um banco de dados completo, que ajuda a aferir e cruzar diferentes variáveis como taxa de ocupação da Sala Fundec, arrecadação da bilheteria, desempenho e absenteísmo, entre outros indicadores. “Tomar decisões sem dados concretos é chute. Eu aprendi esse jeito na indústria, uma visão de resultado”, afirma.
Atribuições
Outra solução trazida da iniciativa privada e já implantada no ato de sua posse foi a otimização das atribuições dos membros da diretoria-executiva. Com intuito de “somar esforços” e “tirar o melhor de cada um”, ele foi o artífice de uma composição na qual os membros ocupam cargos estatutários com funções ligadas às atividades profissionais de cada um. Como exemplo, ele menciona o advogado com prática tributária Gustavo Almeida e Dias de Souza, que ocupa o cargo de 1º tesoureiro; a jornalista e especialista em planejamento de marketing Rô Galvão, 2ª secretária, que passa a responder pela comunicação da fundação, o professor universitário Roberto Samuel Sanches, diretor técnico, que em virtude da sua ampla experiência como educador ficará responsável pelo IMMS. “Eu digo [para os diretores] que não precisa conhecer de música erudita profundamente, e sim entender que arte e educação são importantes na vida das pessoas. A partir disso, cabe a nós sermos facilitadores”, comenta.
O atual vice-presidente Geraldo Ricci, que já presidiu a Fundec entre 2010 e 2013, passa a supervisionar a direção artística, com o apoio dos maestros Eduardo Ostregren, regente da Orquestra Sinfônica de Sorocaba, e Paulo Afonso Estanislau, regente da antiga Orquestra Experimental, que a partir deste ano, passa a se chamar Orquestra Jovem. O grupo, criado em 2000, no entanto, manterá a característica de ser formado por alunos do IMMS com intuito de oferecer experiência de palco e prática em conjunto.
Mais concertos
O novo presidente destaca que pretende ampliar gradativamente o número de concertos, não apenas da Orquestra Sinfônica, como dos outros grupos mantidos pela instituição, como a Banda Sinfônica, o Madrigal Fundec e a Orquestra Orff. Sampaio afirma que também é sua meta diversificar ainda mais o cardápio musical, abrindo o palco da Sala Fundec para apresentações de música popular. “Queremos aumentar o público e, para isso, é preciso aumentar a gama de eventos, mais diversificados. O maior desafio é que a comunidade não só conheça a Fundec, como tenha prazer de participar constantemente das atividades”, complementa, citando que quer incluir no calendário artístico apresentações especiais ligadas a efemérides e a manifestações que formam a identidade cultural da cidade, como a Semana do Tropeiro e a festa da colônia espanhola.
Sampaio menciona que o Brasil tem 5.570 cidades, mas não chega a cem o número das que possuem uma orquestra sinfônica. Ele destaca que, diante desse dado, motivo de orgulho para os habitantes, ele e sua diretoria têm a missão de convencer empresas consolidadas na cidade a investirem no instituto, a fim de complementar o orçamento da entidade, que é mantido basicamente com a subvenção mensal da Prefeitura. “Estamos abertos para todo o tipo de apoio, direto ou indireto”, destaca.
O novo presidente, que cresceu em contato com a música -- seu pai tocava e compunha peças para violão --, afirma que seu interesse pela artes em geral se acentuou após uma temporada na Espanha, onde cursou pós-graduação. Influenciado por um casal de amigos, passou a frequentar museus, salas de concertos e saraus. “A gente vai conhecendo e se apaixonando. Acho chato o pedantismo da erudição. Arte, para mim, é igual vinho. Tem que ser prazeroso”, conclui.
Este mês, OSS toca com pianista português
A Orquestra Sinfônica de Sorocaba (OSS) se apresentará nos próximos dias 19, às 20h, e 22, às 19h. No repertório, selecionado pelo maestro Eduardo Ostergren, obras de Beethoven, para comemorar o ano em que o mundo celebra os 250 anos do nascimento do compositor.
Para os dois concertos, o solista convidado será o pianista Bernardo Santos, que vive em Portugal e já participou de vários festivais na Europa, América do Sul e Ásia.
Os ingressos para os espetáculos já podem ser adquiridos antecipadamente de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h, e custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). A Sala Fundec fica na rua Brigadeiro Tobias, 73, no Centro. (Felipe Shikama)