Girls Rock Camp retorna presencialmente

Acampamento musical para meninas faz 10 anos com sede própria. Inscrições para esta edição estão encerradas

Por Cruzeiro do Sul

Em atividades de socialização, as meninas aprendem a tocar um instrumento musical e fazem parte de uma banda

Um lugar onde as meninas descobrem -- ou confirmam -- que podem, sim, independente do gênero, fazer tudo o que quiserem! Assim é o Girls Rock Camp Brasil, o acampamento de férias que promove uma experiência musical divertida e inspiradora, provocando uma verdadeira revolução na vida de campistas e do time de voluntariado que participa do projeto.

A edição comemorativa de 10 anos acontece na semana de 17 a 22 de janeiro, retomando as atividades após a pausa imposta pela pandemia. Neste ano o projeto inaugura a sede do Instituto Girls Rock Camp Brasil. As inscrições para esta edição já estão encerradas. Segundo a organização, o evento irá acontecer seguindo todos os protocolos de segurança contra Covid-19, em versão reduzida.

Durante uma semana de férias, meninas e dissidências de gênero, de 7 a 17 anos, montam uma banda, aprendem a tocar um instrumento -- guitarra, baixo, bateria, teclado ou voz --, compõem uma canção autoral, ensaiam e se apresentam em um show ao vivo para a comunidade. Tudo isso em meio a diversas atividades de socialização, como oficinas de palco e performance, serigrafia, composição musical, yoga, defesa pessoal, democracia e direitos humanos, videoclipe, Fanzine, etc.


Experiência transformadora

Tudo começou em 2003, quando durante uma turnê com sua banda pelos EUA, Flávia Biggs, 42, socióloga e guitarrista, conheceu o “Rock’n Roll Camp for Girls” em Portland, OR. Sentindo o poder transformador dessa experiência, tanto para ela quanto para as crianças que participavam, Flávia retornou ao Brasil disposta a fazer o mesmo por aqui.

Mas o sonho de compartilhar esta experiência ainda parecia distante e quase impossível, pois faltava a estrutura, a equipe e os investimentos. Flávia começou, então, a dar aulas de guitarra para meninas em Sorocaba/SP, na escola em que lecionava, criando a “Oficina de Guitarra para Meninas” em 2005.

Após alguns anos, percebendo o interesse cada vez maior das meninas e também de toda uma rede de mulheres envolvidas com música, impulsionada pelas redes sociais emergentes no Brasil, em 2012, Flávia fez uma convocação para todas interessadas em somar seus esforços e formou-se uma rede de voluntariado do Girls Rock Camp Brasil. A primeira edição, em 2013, contou com 45 voluntárias e atendeu 60 crianças.

De 2013 pra cá o projeto só tem crescido! Em 2015, começou também o Ladies Rock Camp Brasil, com uma proposta de vivência musical voltada às mulheres adultas acima de 21 anos, que acontece durante as férias de julho. A partir de 2016 o Camp também ampliou seu alcance, passando a atender 90 crianças. E tudo isso possibilitado pelo apoio da comunidade, por meio de doações, incentivos e campanhas de financiamento coletivo, bem como pelo trabalho voluntário de uma rede de mulheres e dissidências envolvidas com a música e comprometidas com o empoderamento feminista.

Sede própria

Em 2020, após 7 edições realizadas em espaços emprestados como escolas e sindicatos, o Camp alugou um espaço fixo, um prédio em Sorocaba que foi reformado com a força do voluntariado. O local, batizado de Instituto Cultural Girls Rock Camp Brasil, tem a proposta de abrigar atividades diversas de música, arte, esportes e empoderamento feminista, para toda a comunidade, ao longo de todo o ano. Porém, com a pandemia de Covid-19, as atividades presenciais precisaram ser suspensas antes mesmo de iniciar.

Atualmente, o Camp só consegue manter o projeto e a sede ativos graças à campanha de financiamento coletivo que mantém no catarse - www.catarse.me/campbr, contando com apoios e doações mensais da comunidade que acredita no projeto. Nesses dois anos de distanciamento social, foram desenvolvidas diversas atividades adaptadas para o formato online, como o “Mini Camp em Casa”, “Minha Mãe é Rock’n Roll” e “Março Ativista”, além de oficinas, painéis temáticos, lives musicais e outras ações. Mais informações sobre o projeto podem ser encontradas no https://www.girlsrockcampbrasil.org. (Da Redação)