Livro conta o legado da Estrada de Ferro Sorocabana em Itapetininga

Lançamento faz parte da comemoração do Dia do Ferroviário, que é celebrado neste sábado (30)

Por Eric Mantuan

Arquiteto Igor Matheus Santana Chaves é o autor do livro sobre a ferrovia.

Parte integrante do ramal de Itararé, construído no final do século 19 pela Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) para ligar o interior de São Paulo ao sul do País, Itapetininga deve muito do seu desenvolvimento à ferrovia, que instalou ali sua estação em 1895. Nesse contexto surgiram vilas de ferroviários, depósito para manutenção de locomotivas, cooperativa, armazém e até um clube de futebol com seu estádio -- o Clube Atlético Sorocabana de Itapetininga (Casi). Essa herança é o tema do livro "O Legado da Estrada de Ferro Sorocabana em Itapetininga”, que o arquiteto Igor Matheus Santana Chaves lança nesta sexta-feira (29), às 19h, na Casa Kennedy, como parte das comemorações do Dia do Ferroviário, celebrado sábado (30).

Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Sorocaba (Uniso), com mestrado e doutorado (em andamento) em Planejamento e Gestão do Território pela Universidade Federal do ABC (UFABC), Igor estuda há mais de oito anos as contribuições da ferrovia para a construção e o desenvolvimento da região de Itapetininga. "Nos últimos tempos, durante o mestrado, eu expandi a pesquisa para além do restauro, levando a discussão para a cidade. Para entender a importância da ferrovia para o desenho urbano de Itapetininga. Ela aborda tanto documentos históricos, de acervos, como mapas, para entender como se dá a evolução do desenho urbano da cidade e entender até quando a ferrovia fez sentido nessa transformação", conta.

Segundo Igor, a publicação da obra, como passo seguinte à produção acadêmica, objetiva acessibilizar as descobertas para o grande público. Estão incluídas fotografias, mapas e informações inéditas sobre o tema. "A linguagem acadêmica não é muito acessível ao grande público, e a dissertação foi um trabalho que eu fiz para os itapetininganos. Então ela foi reescrita e foram incorporados mais mapas e imagens, além de acrescida a história da ferrovia nos distritos rurais, que é uma discussão nova", afirma. Com isso, ele espera estar colaborando para a salvaguarda do patrimônio ferroviário daquela região, por cujos trilhos passaram, por exemplo, o Trem Blindado, construído pela Sorocabana para a Revolução Constitucionalista de 1932; o Trem Internacional, que ia até Montevidéu, no Uruguai, partindo da Estação Júlio Prestes em São Paulo; além de ter sido ponto final da eletrificação no ramal. E que hoje estão ociosos, servindo apenas para o tráfego eventual de trens de serviço ou o transporte de locomotivas novas que são desembarcadas no porto de Santos e vão para o estado do Paraná.

O evento tem apoio da Casa Kennedy -- Centro Cultural Brasil Estados Unidos; Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Itapetininga (IHGGI); Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana; Academia Itapetiningana de Letras; Museu Ferroviário de Itapetininga (MFI), mantido pelo Clube Atlético Sorocabana de Itapetininga (Casi); Coletivo 015 e Arquivo Itapetiningano; e Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Itapetininga.

Documentário

Além do lançamento, também será exibido o documentário “Entre-linhas: 125 anos de história das ferrovias em Itapetininga”. Ambos os trabalhos -- livro e documentário -- foram realizados por intermédio da Lei Aldir Blanc, aplicada no município pela Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura. A Casa Kennedy fica na rua Prudente de Moraes, nº 716, Centro, em Itapetininga.