Exposição mostra cristaleira como espaço de lembranças
Evento gratuito em SP tem a participação de três sorocabanas
A exposição “A Cristaleira” foi inaugurada ontem (17) na Casa de Cultura Odisséia, na capital paulista. Com curadoria de Oscar D’Ambrosio e mais cinco artistas, a mostra tem como objetivo levar o público a refletir em como articulam as suas memórias pessoais e como elas estão geralmente vinculadas a objetos do cotidiano que podem passar despercebidos. Entre os artistas expositores, três sorocabanas: Cibele Pilla, Julia Pilla e Cecília Rodrigues. A exposição segue até 30 de agosto
Segundo o curador Oscar D’Ambrosio, “houve um processo de acompanhamento durante seis meses dos trabalhos realizados por cada artista para criar uma narrativa que tem como ponto inicial as memórias afetivas de cada um deles com a cristaleira como local de abrigo dos mais diversos tipos de memórias”.
Cecília Rodrigues expôs o vestido da mãe, já falecida, e encontrado durante a pandemia. “O vestido tem mais de 45 anos e representei as memórias, lembranças obtidas através do vestido que ficam como um símbolo de perpetuação da vida, mas que permanece guardada na cristaleira”, explicou a sorocabana.
A exposição toma a cristaleira como metáfora da memória, um hipocampo que guarda cada traço da nossa história. Criada no século 17 para guardar e expor louças e objetos nobres da Rainha Maria I da Inglaterra, ela guarda registros afetivos, sendo um símbolo, portanto, da perpetuação da vida, nela guardada e protegida, mas, ao mesmo tempo, revelada. No contexto do Ano Internacional do Vidro, celebrado pela ONU em 2022, esta exposição concebe o material como uma metáfora da vida. Ele é frágil, mas, ao quebrar, seus pedaços não se degradam por muito tempo.
Para Cibele Pilla, que expõe com a filha Julia -- motivo de muita alegria -- a mostra é a oportunidade de amadurecimento como artista. “Consolidando a minha poética, da pintura na lona dos caminhões usados que além de contribuir no sentido de sustentabilidade, elas vêm carregadas de memórias e histórias pelo próprio uso dos caminhoneiros”, explicou a artista sorocabana que utiliza as lonas para expressar a gestualidade, um fator marcante nas pinturas dela.
No momento, a exposição será realizada apenas na capital, porém a equipe já está em conversa com a Secretaria de Cultura de Sorocaba (Secult) para trazer a mostra na cidade. Ainda não há uma data firmada para tal. Porém, para as representes do município a vinda para cá é de grande expectativa e alegria. “Seria muito prazeroso trazer essa mostra para Sorocaba porque sou daqui e minha mãe era artesã aqui. Seria uma honra poder mostrar e divulgar o meu trabalho na minha cidade”, contou Cecília.
Além das sorocabanas, participam da exposição os artistas Alex Állen, de Salvador/Bahia e Bernadete Sarmento, de Santos/São Paulo.
A mostra fica disponível para visitação até 30 de agosto de terça a sábado, das 12h30 às 18h30 na Casa de Cultura (Alameda Ministro Rocha Azevedo, 463 - Cerqueira César), em São Paulo. A entrada é gratuita e algumas obras estão disponíveis para venda. (Thaís Marcolino)