Prédio da Biblioteca Municipal completa 20 anos de sua inauguração
Projeto foi concebido pelo arquiteto Geraldo Caiuby e remete para um livro aberto
Uma solenidade marcou, na tarde de ontem (10), os 20 anos do atual prédio da Biblioteca Municipal de Sorocaba “Jorge Guilherme Senger”, inaugurado em 10 de dezembro de 2004. O evento contou com homenagens e apresentações musicais. Uma exposição com fotos, reportagens e livros de destaque, como alguns da Turma Mônica autografados por Maurício de Sousa, que também está em exibição no saguão.
Segundo o secretário da Cultura, Luiz Antonio Zamuner, ao longo do tempo, a finalidade da biblioteca se diversificou. Ele diz que, hoje, ela não é mais um espaço apenas para leitura de livros, mas sim palco de diversas atividades culturais realizadas semanalmente. Inclusive, conta com uma sala acústica para essa finalidade.
Ainda de acordo com Zamuner, essa é uma tendência e tem como foco atrair mais público para as bibliotecas. “Nos últimos anos, aumentou muito o número de frequentadores, a partir do momento em que diversificamos o uso do espaço. E isso não é só aqui; está acontecendo mundialmente”, diz. Ele ainda destacou a inclusão proporcionada pela biblioteca, com espaço próprio composto por 1.500 títulos e recursos de acessibilidade para Pessoas Com Deficiência (PCDs).
Homenagens
Wlamyr Gusmão, membro do conselho administrativo da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), foi um dos homenageados, com um certificado, pela amizade dele com Jorge Guilherme Senger.
Geraldo de Moura Caiuby, arquiteto que projetou o prédio da biblioteca, também recebeu o reconhecimento. Emocionado, ele falou do seu orgulho pelo desenvolvimento de um projeto dessa magnitude e importância. Ainda revelou ter colocado significado em cada setor das instalações. O detalhe mais conhecido é a semelhança entre o prédio e um livro aberto, mas também há muitos outros distribuídos pela estrutura. “Por exemplo, as paredes de concreto da entrada representam as antigas enciclopédias. As revistas e jornais são os painéis coloridos. Já a transparência do espaço é para que os que estão aqui dentro não esqueçam dos que estão lá fora, e quem está lá fora queira entrar”, destaca Caiuby.
A honraria também foi entregue aos frequentadores mais jovem e mais velho. As gêmeas Elena e Valentina Ferreira Silva, de 2 anos, são as mais novas, mesmo sem ainda saber ler. A mãe delas, a enfermeira Mayara Ferreira Silva, as leva toda semana à biblioteca, desde o início do ano. As próprias meninas escolhem as histórias para ouvir em casa.
Mayara decidiu apresentar os livros às filhas desde cedo, para ajudá-las a se desenvolver por meio da leitura e despertar nelas o gosto pela literatura. “Elas aprendem muito, melhoraram a questão da fala, porque têm um pouquinho de atraso, e da socialização. Eu acho muito importante essa parte da imaginação também; os livros abriram esse universo para elas também”, conta. As pequenas não têm acesso a telas e, por isso, escutar os contos é uma de suas atividades favoritas. “O livro é a tela delas”, brinca a mãe.
Já o associado mais antigo é o aposentado Gilberto Sylvio Lescura, 87. Ele pega obras há 21 anos e começou quando a biblioteca ainda nem funcionava no atual endereço. Considerando a média de seis livros retirados por mês, ele já leu cerca de 1.500 nessas mais de duas décadas.
Para o idoso, debruçar-se sobre narrativas policiais — o seu gênero favorito — é uma forma de se distrair. Ao folhear as páginas, ele também relembra do passado, quando era desenhista de quadrinhos. E repetir essa rotina há tanto tempo o deixa bem e feliz. “A literatura é uma coisa que eu não posso deixar. Se não vier à biblioteca buscar livro, eu não fico contente”, enfatiza.
A biblioteca
Funcionando desde 1977, a Biblioteca Municipal de Sorocaba já teve como endereços a rua Comendador Oetterer, a rua da Penha, o Largo de São Bento e o Terminal Santo Antônio. O prédio onde fica hoje, no alto da Boa Vista, possui 3 mil metros quadrados de área construída e abriga cerca de 40 mil livros.