Flaus reúne escritores e leitores em Sorocaba e reforça o valor da literatura regional

Mostra chegou à sua 8ª edição reunindo escritores, leitores e apaixonados por cultura

Por Cruzeiro do Sul

Apesar de imprevistos climáticos, a feira atraiu visitantes

A Feira do Livro e Autores Sorocabanos (Flaus) chegou este ano à sua 8ª edição como um marco para a valorização da literatura local. Realizada na praça Coronel Fernando Prestes, no centro de Sorocaba, o evento promoveu um encontro entre escritores, leitores e apaixonados por cultura. Mesmo com o encerramento antecipado devido à chuva que começou a cair por volta das 11h de ontem (21), a Flaus demonstrou a força de sua proposta: aproximar as pessoas da literatura e destacar a riqueza da produção cultural da cidade e da região.

O evento começou às 9h e contou com a participação de diversos autores e educadores. Entre lançamentos de livros, troca de experiências e conversas sobre a importância da leitura, a feira consolidou sua posição como um espaço fundamental para o fortalecimento da cultura escrita local e da região.

O papel da Flaus para escritores e leitores

Para muitos autores, a Flaus é uma oportunidade rara de interação direta com o público. Rodrigo Buarque, professor do programa de pós-graduação na Universidade de Sorocaba (Uniso), ressaltou como o evento ajuda a romper barreiras que isolam os produtores de conhecimento e cultura.

“A Flaus reúne não apenas pessoas que produzem cultura, mas também pensadores e autores que muitas vezes não têm contato cotidiano. Eu trabalho com pesquisa acadêmica e fiquei impressionado ao descobrir o quanto se produz em Sorocaba em termos de literatura e cultura escrita. Esse movimento é importante porque torna acessível uma produção que, por vezes, está isolada, mesmo para quem escreve sobre cultura e sociedade. Além disso, manter viva a cultura do livro nos ajuda a desacelerar da fugacidade da vida contemporânea. A leitura em papel não é apenas uma questão nostálgica; ela nos permite respirar e refletir em meio a uma realidade que, muitas vezes, nos sufoca”, afirmou Buarque.

Já para Fábio Scofield, autor de ficção e mistério, que está participando pela primeira vez, a Flaus foi uma experiência transformadora. “Esse grupo é incrível e acolhedor. Mesmo com a chuva, não podemos desistir. A literatura local tem um potencial enorme, e eventos como este mostram que o autor sorocabano pode conquistar muito mais. Seria maravilhoso que outras cidades criassem suas próprias feiras de livros, incentivando a leitura e a cultura. Precisamos disso, porque a literatura transforma e nos eleva”, disse ele.

Educação e histórias que inspiram

A Flaus também foi espaço para histórias que conectam gerações e destacam o impacto da leitura na formação de pessoas. Erika Simoni Pereira Divino, professora, trouxe um relato emocionante sobre a experiência de publicar o livro de seu pai, de 82 anos.

“Meu pai foi alfabetizado em poucos dias na zona rural da Bahia e, mesmo sem ter frequentado escola, sempre sonhou em escrever. Trabalhamos juntos para transformar seus poemas rimados em um livro. Fizemos isso não para ganhar dinheiro, mas para mostrar que a literatura e a escrita não têm idade. Essa história é um incentivo para que todos, independentemente da idade, descubram o prazer de criar e ler”, contou Erika.

Ela também ressaltou o papel do professor em estimular o gosto pela leitura nas escolas. “Vejo alunos do quinto ano que não têm o hábito de ler porque não foram incentivados. Cabe a nós. professores e famílias, mudar isso, criando projetos que tornem a leitura prazerosa e instiguem a curiosidade das crianças. Feiras como a Flaus mostram para as próximas gerações que a literatura é transformadora e acessível para todos.”

Futuro da Flaus

Mesmo encerrada antes do previsto, a feira cumpriu sua missão de promover o encontro de ideias, experiências e histórias. Os participantes foram unânimes em destacar a importância de manter a Flaus viva e, quem sabe, expandi-la.

Para Rodrigo Buarque, o impacto da Flaus vai além do evento. “Ela resgata a essência do livro como um objeto cultural, não é apenas um produto de consumo. Essa feira é um espaço de resistência, onde reafirmamos o valor da leitura e da escrita em um mundo cada vez mais acelerado”, destaca.

A Flaus encerrou sua 8ª edição como uma celebração à literatura e à cultura, reforçando que, mesmo diante de desafios, a paixão pelos livros e pelas histórias é capaz de transformar realidades e conectar pessoas. (João Frizo - programa de estágio)