‘Projeto Gemini’ e 'Amor assombrado' estreiam nos cinemas de Sorocaba
Com “Coringa” ainda ocupando a maior parte das salas de cinema da cidade, na segunda semana após sua estreia, a principal novidade desta semana é a ficção científica “Projeto Gemini”, estrelada por Will Smith e dirigida por Ang Lee, cineasta taiwanês radicado nos Estados Unidos -- e que tem duas estatuetas do Oscar de Melhor Direção por “O segredo de Brokeback Mountain” e “As aventuras de Pi”. Outra opção que chega à cidade é o drama nacional “Amor assombrado”, de Wagner de Assis.
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Ang Lee gosta de experimentar novas tecnologias. Em “As aventuras de Pi”, todo o cenário e os animais eram digitais. Em “A longa caminhada de Billy Lynn”, sobre um soldado que volta para casa depois de lutar na Guerra do Iraque, utilizou 120 quadros por segundo (em vez dos tradicionais 24), e 3D. Lee volta a usar o mesmo recurso em “Projeto Gemini”, que estreia hoje no Brasil, mas com algumas complicações. Por exemplo, um Will Smith de 23 anos de idade criado por uma combinação de captura de performance e animação.
“Quero deixar bem claro que não é rejuvenescimento, como tantos outros filmes têm feito”, disse ele, em entrevista coletiva em Los Angeles. “Nós criamos um novo personagem, um jovem Will Smith”, completou. O próprio ator enfatizou a diferença. “Não sou eu, é alguém recriado. É como os personagens de ‘O Rei Leão’”, disse.
Mas é um pouco mais complexo ainda do que isso. Porque Ang Lee, mesmo gostando de tecnologia e efeitos visuais mirabolantes, é basicamente um ator de drama. “O filme é um thriller de ação, com um pouco de ficção científica, mas no fundo é um drama”, definiu o cineasta. Will Smith interpreta Henry Brogan, um matador, que um dia se vê caçado por um outro matador: uma versão mais jovem de si mesmo, um clone que atende pelo nome de Junior.
“Precisava ser uma pessoa. Não um robô, mas um ser humano de verdade, um personagem realista, não apenas para um filme de ação, mas para um drama”, disse Lee. “Eu me identifiquei muito com Henry. Se você pudesse viver duas vezes e encontrar sua versão mais jovem, o que diria para ele? E qual seria o seu futuro, como viver com sua própria trajetória? Essas questões existenciais estão escondidas no entretenimento, o que é empolgante para mim. Então esse clone precisava ter alma e emoção”.
Para Smith, foi um desafio como poucos em sua carreira. “Deu um pouco de medo, porque seus velhos truques não funcionam. Coisas que posso esconder em 24 quadros por segundo são impossíveis de disfarçar em 120 quadros por segundo. E com a câmera 3D toda tomada é muito próxima, então dá para ver cada poro. Se você fingir um momento, todo o mundo vai ver”.
Quando contracenou consigo mesmo, primeiro filmou todas as cenas como Henry, com outro ator fazendo o papel de Junior. Depois, no fim, com a parafernália de captura de performance, Will Smith fez a parte de Junior. Há cenas de luta, inclusive, que foram feitas assim, só que com um dublê fazendo a parte de Junior, já que o rosto seria recriado.
Para Ang Lee, o processo todo é diferente. “É como percebemos as pessoas na vida, não é um ator com suas motivações”, lembrou. “Então, a maneira de interpretar esses personagens com essas tecnologias é não atuar, mas usar o instinto. Meu modo de dirigir também precisa mudar. Preciso fazer com que os personagens fiquem vivos, reais. Se o ator atuar, dá para ver que está atuando. É preciso sentir as profundezas da vida, da emoção, e isso vai atingir o público. O ator precisa ser real, complicado, sutil, maduro. Tem de ser um ator melhor. Mas a recompensa é bonita”.
Will Smith disse que não teme que o ator fique obsoleto. “Acho que não, porque ainda se trata do coração e da alma humanos. Um computador nunca vai ser capaz de reproduzir os erros humanos e o embargo na voz”, considerou.
Nacional
Outra novidade que chega hoje, apenas na sala 7 do Cineplay Sorocaba, é o longa nacional “Amor assombrado”, que acompanha a história de Ana Clara (Vanessa Gerbelli), uma famosa escritora que vive em conflito com seus próprios contos -- uma vez que eles se misturam com sua vida real desde a adolescência até sua fase adulta. Além dos personagens fictícios que ela criou, Ana Clara ainda lida com pessoas que não fazem ideia da dimensão em que estão vivendo.
A direção é de Wagner de Assis, conhecido por filmes de temática espírita, como “Kardec” e “Nosso lar”. Luiz Carlos Merten, crítico de cinema do jornal O Estado de S.Paulo, comenta que “o novo filme se antecipa como uma aposta muito grande do diretor na questão da linguagem. Pode ser interessante”. Além de Vanessa Gerbelli no papel da protagonista, o elenco conta com Carmo Della Vecchia, Guilherme Prates e Carolina Oliveira.
No sábado, dia 12 de outubro, às 19h30, o Cinépolis Iguatemi 7 exibe ainda o espetáculo teatral “Aparecida -- um musical”. Com texto de Walcyr Carrasco e letras de Ricardo Severo, a peça conta a história da santa padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. (Da Redação, com informações de Estadão Conteúdo)