SP-Arte começa amanhã no ambiente virtual
Principal feira de arte da América Latina, a SP-Arte, seguindo o exemplo de grandes feiras de arte internacionais, como a Art Basel e Frieze, trocará pela primeira vez, em 16 anos, o pavilhão da Bienal pelo ambiente virtual. A feira começa amanhã (24) e prossegue até o próximo domingo (30) no www.sp-arte.com . O evento ganhou o nome de “SP-Arte Viewing Room” e contará com a participação de 136 galerias, número pouco menor em relação à edição presencial realizada do ano passado, que contou com 164 expositores.
A feira, idealizada pela empresária Fernanda Feitosa, deveria ter sido aberta em abril, mas foi cancelada por causa da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Na versão virtual, a SP-Arte se reinventa com intuito de assumir um papel de uma plataforma de fomento cultural num momento em que a cultura do país passa por uma grave crise de apoio institucional e governamental. Por isso, segundo Fernanda, haverá debates e palestras on-line com artistas que expõem obras na feira que fazem referência à situação dos negros e das mulheres no País, à violência e aos desastres ecológicos. A programação, totalmente gratuita, estará disponível no próprio site.
Diferentemente do procedimento adotado em outras feiras internacionais, que tem tentado simular o modelo físico da exposição, a SP-Arte optou criar, por meio do “Viewing Room”, uma plataforma imersiva que contemple os mais variados tipos de visitantes e não apenas colecionadores tradicionais. Assim, na página de cada galeria, o visitante poderá ver até 30 obras de arte moderna e contemporânea, bem como peças de design de um ou mais artistas, algumas acompanhadas de descrições, detalhes, escala e até outros recursos como vídeo e áudio.
Fernanda reconhece que nesse novo formato imposto pela pandemia, a expectativa é que o volume de vendas fique aquém dos R$ 240 milhões movimentados no ano passado. “Mas qualquer venda que seja feita será muito bem-vinda. Mais do que vender, [o formato virtual] vem para reafirmar a continuidade. Isso é o mais importante hoje, pois o mercado da arte está ativo”, comenta. A tendência, segundo ela, é que as obras com preços inferiores a R$ 50 mil tenham maior procura. No ano passado, apenas 3% das peças vendidas ultrapassaram R$ 1 milhão.
Por outro lado, ela assinala que a internet se mostrou um grande aliado do evento físico -- que deve voltar com força em 2021 -- e que em tempos de distanciamento social, favorece o alcance do público internacional. “Como a edição virtual chega a colecionadores internacionais, num momento de dólar alto, a venda de mestres modernos e contemporâneos não deve ser afetada”, acredita Fernanda Feitosa. (Felipe Shikama)