Bolsa fecha em baixa de 0,45%, mas avança 3,69% na semana
Descolados do dia positivo em Nova York e na Europa, os investidores na B3 optaram por embolsar nesta véspera de fim de semana prolongado parte dos lucros do dia anterior, quando o Ibovespa subiu 2,51%, no maior ganho desde 1º de setembro. Ainda assim, a referência conseguiu se manter com certa folga acima dos 97 mil pontos, marca confirmada no fechamento da quinta-feira, após ter sido testada no intradia de 6 de outubro pela primeira vez desde 25 de setembro.
O ajuste negativo de hoje foi de 0,45%, aos 97.483,31 pontos, tendo o índice oscilado entre mínima de 97.161,37 e máxima de 98.641,91, com giro financeiro a R$ 27,8 bilhões. Segunda-feira é Columbus Day nos Estados Unidos, mas os mercados por lá funcionarão normalmente, enquanto aqui haverá o feriado da Padroeira.
Na semana, o Ibovespa acumulou ganho de 3,69%, colocando o avanço até aqui no mês a 3,04% - no ano, a perda está em 15,70%. A alta desta semana mais do que compensou a retração de 3,08% acumulada no intervalo anterior, quando o Ibovespa emendou a quinta perda semanal consecutiva, igualando a longa série negativa observada no auge da crise da pandemia, entre fevereiro e março.
As ações de bancos, maiores ganhadoras do dia anterior, tiveram desempenho misto nesta sexta-feira, enquanto as de commodities (Petrobras ON -3,30% e PN -3,13%) e siderurgia (Gerdau PN -2,02%) tiveram desempenho majoritariamente negativo, contribuindo para segurar o índice, em sessão com poucos catalisadores para amparar mais apetite por risco. Nos EUA, nova temporada de balanços trimestrais começa na terça-feira, e a expectativa é de que os grandes bancos mostrem lucros, observa em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York. Ele chama atenção também para eventos na próxima semana que podem contribuir para os segmentos de tecnologia e consumo, em especial "a maior atualização do iPhone em anos", que deve ser anunciada no dia 13.
Por aqui, contribui positivamente para a percepção dos investidores os sinais de reaproximação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao ministro da Economia, Paulo Guedes, em torno de agenda de iniciativas legislativas, apresentada conjuntamente na noite de ontem. Com a situação fiscal do País e a indefinição sobre o financiamento ao Renda Cidadã ainda no topo da atenção do mercado, a diminuição da temperatura em Brasília contribui para aliviar parte da volatilidade sobre os preços dos ativos.
Entre os dados macroeconômicos nesta sexta-feira, destaque para o IPCA de setembro, que mostrou a maior leitura para o mês desde 2003, com destaque para alta em alimentos, bebidas e vestuário. Na avaliação de Lisandra Barbero, economista da XP, o resultado de setembro traz "certo viés de alta" para a projeção do índice em 2020 (hoje em 2,6%), sem contudo "alterar significativamente nossa projeção (também em 2,6%) para 2021", aponta em nota.
De qualquer forma, se o espaço para novos cortes na Selic já era considerado muito estreito, a porta parece ter se fechado de vez, apontam analistas.
No exterior, com 7 milhões de eleitores nos EUA já tendo votado antes do Election Day, de 3 de novembro, a expectativa é de que a participação nas urnas seja elevada, reduzindo a chance de erro em pesquisas que têm mostrado vantagem de 9 a 14 pontos para o democrata Joe Biden na disputa pela Casa Branca com Donald Trump. A busca pela reeleição parece ter sido comprometida por erros cometidos reiteradamente pelo próprio republicano, entre tantas "idas e vindas", observa Eduardo Levy, sócio-gestor da Kilima Asset Management.
Para Levy, eventual vitória de Biden contribui para grau maior de previsibilidade, que pode se traduzir em melhora dos fluxos para os mercados emergentes. "Quando estava acima de 100 mil, ali pelos 104 ou 105 mil, era de se esperar uma realização na Bolsa, que veio em função de nossa situação fiscal e política. Nos próximos 30 dias, ainda teremos incertezas, entre elas a definição da eleição americana. Mas, dando Biden como se espera, a tendência é de melhora", observa o gestor, que considera o retorno do estrangeiro como essencial a que o Ibovespa siga adiante, recuperando de forma mais sustentada o nível de 100 mil
Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, MRV fechou em alta de 8,51%, seguida por Magazine Luiza (+6,84%) e Cyrela (+4,59%). No lado oposto, IRB, após a recuperação do dia anterior, voltou a liderar as perdas (-7,24%), à frente de JBS (-4,08%) e PetroRio (-3,30%). (Estadão Conteúdo)