Grupo Votorantim, que nasceu e se expandiu na região, faz 100 anos
No ano do centenário de uma das maiores companhias privadas brasileiras, a Votorantim S.A., ou Grupo Votorantim, continua presente na região de Sorocaba, onde a empresa nasceu e se expandiu. O portfólio diversificado de negócios inclui empresas que atuam nas áreas de cimento, concreto e agregados (Votorantim Cimentos), mineração e metalurgia (Nexa, ex-Votorantim Metais), alumínio (CBA), energia (Votorantim Energia), aços longos (na Argentina e Colômbia), celulose (Fibria), laranja (Citrosuco) e financeiro (Banco Votorantim).
As unidades instaladas em municípios próximos à Sorocaba continuam contribuindo com o desenvolvimento econômico e social da região. Entre elas, as fábricas de cimento em Votorantim e Salto de Pirapora atualmente tem capacidade de produção de 2,5 milhões de toneladas por ano cada uma.
A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que motivou o nome do município onde está instalada, é outro grande negócio de indústria mineradora da Votorantim na região de Sorocaba. A capacidade de produção da CBA é de 440 mil toneladas por ano de alumínio primário.
Em 2017, a Votorantim S.A. registrou lucro líquido de R$ 810 milhões. A receita líquida cresceu 5% na comparação com 2016, totalizando R$ 27,2 bilhões e o Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 4,8 bilhões.
A história da empresa Votorantim começou em 9 de janeiro de 1918, quando o empreendedor português Antonio Pereira Ignácio comprou a massa falida do Banco União. Dentre as propriedades adquiridas, havia a Fábrica de Tecidos Votorantim, no atual município de Votorantim, cuja área pertencia a Sorocaba na época.
Após ter adquirido a massa falida do banco, a Votorantim passou a contar com os seguintes negócios: a Fábrica de Tecidos Votorantim e seus ativos como máquinas, teares, terrenos, serraria, usina hidrelétrica, entre outros; a Estrada de Ferro Elétrica Votorantim, suas estações, material fixo e rodante; terrenos em São Paulo e Paraná; caieira de Itupararanga, onde era produzido cal para construção, com seus terrenos e fornos.
Antonio Pereira Ignácio já possuía a Pereira Ignácio & Cia e, ao comprar a massa falida do banco, uniu os ativos da empresa com as novas aquisições. A antiga empresa do fundador da Votorantim era formada pela Fábrica de Cimentos Rodovalho, além de descaroçadores de algodão, que se juntaram às atividades da fábrica de tecidos. Em 1918, a Fábrica de Tecidos Votorantim empregava aproximadamente 1.500 operários.
Empresas iniciaram indústrias de base
O pernambucano José Ermírio de Moraes iniciou uma nova fase de expansão do grupo empresarial ao se casar com a filha do fundador da Votorantim. A partir de 1925 ele passou a trabalhar na empresa do sogro, tornando-se um dos principais nomes e responsáveis pelo desenvolvimento dos negócios da família.
Por influência de José Ermírio (que dá nome à rodovia SP-75, em Sorocaba), a empresa começa a investir em outros setores, para suprir a necessidade do Brasil de uma indústria de base. Na década de 1930, são inauguradas a Companhia Nitro Química Brasileira, em São Paulo, a Siderúrgica Barra Mansa, no Rio de Janeiro, e a primeira fábrica de cimento construída pela Votorantim, a Fábrica de Cimento Santa Helena.
Em 1955, a Votorantim inaugura a CBA, a primeira indústria integrada de alumínio do Brasil. Em paralelo à construção da CBA, a Votorantim começa a construir as usinas que integram o complexo no rio Juquiá, que levou à preservação das matas e das nascentes dos rios, onde hoje atualmente existe o Legado das Águas, a maior reserva privada de mata atlântica do País, com 31 mil hectares.
Esse período é marcado pela terceira geração da família acionista nos negócios: os irmãos José Ermírio de Moraes Filho, Antônio Ermírio de Moraes, Ermírio Pereira de Moraes e Clovis Scripilliti, casado com Helena Moraes.
Nos anos 80, a empresa seguiu diversificando seus negócios e entrou nos setores de celulose e de suco de laranja. Foi também nessa década que a companhia começa a atuar no setor financeiro, em 1988, com uma distribuidora de títulos e valores mobiliários que daria origem ao Banco Votorantim, criado em 1991.
A partir de 2001 tem início a internacionalização da companhia, com a aquisição da cimenteira Saint Marys, no Canadá. Em 2012, nasce o Legado das Águas (Reserva Votorantim).
Em 2017, a Votorantim deu um passo importante em direção à diversificação de sua matriz energética e à geração de energia limpa, com a entrada na área de geração de energia eólica, no Piauí. Com investimento de mais de R$ 1 bilhão, foram construídos sete parques eólicos com um total de 98 aerogeradores.
Atualmente a Votorantim S.A. atua em 20 países e no ano passado empregava mais de 40 mil pessoas diretamente e mais de 20 mil contratadas de terceiros, em 536 unidades operacionais e administrativas espalhadas pelo mundo.
Jazidas de calcário induziram criação de fábricas de cimento
Instalada no município de Votorantim desde 1933, a Votorantim Cimentos contribui há mais de 80 anos para o desenvolvimento da cidade. Antes da fundação da fábrica de Santa Helena, a incipiente produção ocorria na Fazenda Santo Antônio, em Mairinque. Conhecendo o potencial das jazidas de calcário na região, José Ermírio de Moraes -- que era engenheiro de minas -- comprou em 1933 um novo forno da dinamarquesa F.L. Smith, com capacidade de produção de 250 toneladas por dia, além de outros novos equipamentos.
Em paralelo, a unidade de Santa Helena começou a ser construída e a empresa ganhou sua primeira marca de cimento: Votoran. Finalizada em 1936, a unidade industrial participou de sua primeira grande obra em um marco do centro da cidade de São Paulo: o viaduto do Chá, remodelado em 1938.
Desde 2014, com a instalação de uma nova moagem, a capacidade de produção da unidade é de 2,5 milhões de toneladas de cimento por ano. A fábrica de Santa Helena possui 225 empregados.
A fábrica de Salto de Pirapora existe desde 1986 e emprega atualmente 289 trabalhadores. É uma das maiores e mais modernas do País, com capacidade instalada de 3 milhões de toneladas de cimento por ano. A unidade também produz clínquer em grande escala. O clínquer é o cimento em fase inicial de fabricação, menos sensível à umidade. São 2,6 milhões de toneladas por ano.
CBA tem atualmente 4.900 funcionários em 11 unidades
A CBA começou sua operação em 1955 com mil empregados uma capacidade produtiva de 10 mil toneladas por ano de alumínio primário. A empresa é a maior da cidade de Alumínio e representa a maior contribuição para a receita do município. Também faz com que o município seja um dos maiores consumidores de energia elétrica no Estado de São Paulo, por causa do uso no processo de produção do metal.
A CBA conta com 4.970 empregados, divididos entre as 11 unidades. Além da fábrica, em Alumínio, a CBA está presente nos municípios de Miraí (MG), Itamarati de Minas (MG), Poços de Caldas (MG), Niquelândia (GO), São Miguel Paulista (SP), Araçariguama (SP) e Sorocaba. A empresa conta com um escritório central, na cidade de São Paulo e dois centros de distribuição, um no Rio de Janeiro (RJ) e outro em Caxias do Sul (RS).
A capacidade produtiva da empresa é de 440 mil toneladas por ano de alumínio primário, além de ter uma capacidade de produção em torno de 150 mil toneladas por ano de produtos transformados (folhas, chapas e perfis) e uma capacidade em torno de 70 mil toneladas por ano de tarugos na Metalex em Araçariguama, onde boa parte do metal é de reciclagem.
Em 2017, a empresa produziu 355 mil toneladas de alumínio primário na fábrica em Alumínio e 62 mil toneladas de tarugos na Metalex. Em 2018, a fábrica de Alumínio completou 63 anos.