Locadora de veículos vê retomada dos negócios
Depois de meses de incertezas e instabilidade, a locadora de veículos Localiza deixou para trás o pior da crise e começou a enxergar uma retomada no seu negócio no final do segundo trimestre, afirmou o diretor de Finanças e de Relações com Investidores, Maurício Fernandes Teixeira. Segundo o executivo, os números de frota alugada em julho (no segmento de aluguel de carros) já estão em linha com os registrados em igual mês do ano anterior e superaram os de junho deste ano.
“O pior já passou. Já no começo de junho a gente tinha dado sinalização que o mês de abril foi o fundo do poço. Já chegamos no final de junho com a frota alugada com o mesmo nível que estávamos no mesmo período de 2019”, disse Teixeira.
A Localiza registrou lucro líquido no segundo trimestre de 2020 de R$ 89,9 milhões, queda de 52,7% na comparação com igual período de 2019. No trimestre, a receita líquida consolidada apresentou queda de 31,7%, para R$ 1,570 bilhão.
O aluguel de carros, principal divisão de negócios da Localiza e que responde por 70% da receita bruta de aluguéis, encerrou o segundo trimestre de 2020 com queda de 8% na frota média alugada na comparação anual, para 108.307 veículos.
Teixeira explicou que o efeito inicial da pandemia no segmento foi maior na receita do que no volume. O grupo passou a dar desconto nas tarifas para motoristas de aplicativos, por exemplo, como forma de evitar perder o cliente durante a pandemia. Os descontos, segundo ele, chegaram a 50% no topo da crise.
A Localiza tem uma exposição menor ao setor de turismo, mais afetado pela crise. Mesmo assim, a empresa sentiu o impacto na tarifa média dos alugueis de carros, que estão menores, uma vez que o segmento de turismo e negócios costumam ter retornos maiores. A diária média caiu de R$ 70,9 para R$ 53,8 na comparação anual. Já a taxa de utilização da frota recuou para 55,6% no segundo trimestre de 78,8% um ano antes.
A retomada, entretanto, veio no fim do trimestre. Em comparação a abril, junho apresentou crescimento de 9,7% na frota média alugada, 28,3% nas tarifas médias e de 7,7 pontos porcentuais na taxa de utilização no segmento de aluguel de carros.
O desafio foi o segmento de seminovos, cuja receita teve queda de 40,1% em comparação ao mesmo período do ano anterior, devido à queda de 40,4% do volume de carros vendidos. Por causa da pandemia, o grupo teve de deixar muitas lojas fechadas. Diferentemente do aluguel de carros, o segmento de venda de veículos não foi considerado essencial em muitas regiões.
A Localiza está otimista com o quarto trimestre deste ano, período em que é esperado uma retomada do turismo doméstico, o que deve impulsionar o aluguel de veículos. Ainda há incertezas, entretanto, como uma possível segunda onda e um “andar para trás” na liberação da mobilidade. “Com uma liberação gradual, os aluguéis vão acabar voltando”, acredita Teixeira. (Cristian Favaro - Estadão Conteúdo)