Na crise, empresas migram para galpões e e-commerce

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A pandemia de coronavírus obrigou muitos empreendedores brasileiros a se virarem para encontrar formas de não fechar as portas em meio a uma crise sem precedentes. Pequenos lojistas de shopping center e distribuidores de produtos de moda, por exemplo, encontraram uma forma mais barata e prática para economizar nesse momento difícil: trocaram os show rooms e as lojas tradicionais, que exigem contratos de longo prazo, pelos guarda-móveis. A economia de custo, em muitos casos, é de 90% -- vital para negócios que viram seu faturamento cair vertiginosamente.

No Guarde Aqui, empresa do grupo Pátria, a quantidade de pessoas jurídicas buscando o serviço atingiu um pico nos últimos meses. “Isso aconteceu por dois motivos. Primeiro porque a demanda pelo e-commerce aumentou muito; e, segundo, porque o sistema do self storage é mais flexível. Você pode aumentar ou diminuir o tamanho do espaço, e do gasto, conforme as vendas”, resume Everton Silva, diretor de operações do Guarde Aqui.

A empreendedora Maria Verônica da Silva Matias, de 46 anos, é dona da tabacaria Unity. Havia aberto uma loja física no segundo semestre de 2019, no Shopping SP Market, na zona sul de São Paulo. Lá, pagava R$ 8 mil de aluguel por mês. As vendas iam bem, garante a empreendedora.

Tanto era assim que, apenas dois dias antes de a Prefeitura de São Paulo determinar o fechamento dos shopping centers na cidade, ela havia se comprometido com um novo contrato de aluguel de dois anos. À medida que a ameaça de um polpudo prejuízo se avizinhava, e já com as portas fechadas, Maria Verônica teve de tomar uma decisão. Com a ajuda do marido, insistiu com a administradora do shopping e reverteu o acordo assinado -- sem multa.

Assim que conseguiu desfazer o contrato, correu para tirar seus pertences do shopping. E não precisou ir muito longe: carregou os materiais de ponto de venda e o estoque para um box de 7 metros quadrados na unidade do Guarde Aqui que fica literalmente ao lado do Shopping SP Market. A economia de aluguel superou os 90%. Ao pechinchar no guarda-móveis, conseguiu acertar uma locação de R$ 350 por mês. “Foi a minha sorte, porque hoje faturo só uns 10% do que eu ganhava.”

Mas nem tudo está sendo fácil nessa “virada”. Maria Verônica conta o que vem enfrentando no e-commerce por causa das restrições à propaganda a produtos relacionados ao tabagismo. Era uma dificuldade que ela não tinha. Na loja física, o fluxo de clientela era determinado pela proximidade. (Fernando Scheller - Estadão Conteúdo)