Novembro tem maior inflação em 5 anos

Por

Tomate, batata e arroz subiram mais entre os alimentos. Crédito da foto: Luiz Setti / Arquivo JCS

Tomate, batata e arroz subiram mais entre os alimentos. Crédito da foto: Luiz Setti / Arquivo JCS

Uma nova rodada de aumentos nos preços dos alimentos e dos combustíveis pesou no orçamento das famílias em novembro. A inflação oficial no País subiu 0,89%, maior resultado para o mês em cinco anos, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados ontem pelo IBGE.

O resultado superou até as estimativas mais pessimistas de analistas do mercado financeiro coletadas pelo Projeções Broadcast, que estimavam uma inflação mediana de 0,78%. A taxa acumulada em 12 meses subiu a 4,31% em novembro, superando o centro da meta de 4% perseguida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

“O processo inflacionário está menos benigno, mas também não chega a ser tão pessimista, não é uma hiperinflação. Preocupa no sentido de que a nossa meta não é mais 4,50% como no passado, caiu para 3,75% em 2021”, avaliou o economista Victor Wong, da gestora de recursos Vinland Capital.

A leitura mais pressionada do que o esperado em novembro não altera o cenário ainda benigno da inflação nem deve mudar, por ora, a avaliação do Copom sobre os rumos da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 2,00% ao ano, na reunião que começou ontem e termina hoje, opinou o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.

No IPCA, os custos de alimentação e bebidas aumentaram 2,54% em novembro, depois de já terem subido 1,93% em outubro. Houve uma disseminação maior de produtos alimentícios com aumento de preços em novembro do que em outubro.

As carnes ficaram 6,54% mais caras, item de maior impacto sobre o IPCA do mês. As famílias também pagaram mais pela batata, tomate, arroz e óleo de soja. De janeiro a novembro, os preços dos alimentos já subiram 12,14%. Em 12 meses, os gastos das famílias com alimentação cresceram 15,94%, maior variação desde outubro de 2003.

Segundo Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, o IPCA ao fim de 2019 estava pressionado especificamente pelas carnes, enquanto que a taxa de inflação acumulada neste ano mostra uma pressão mais disseminada dos itens alimentícios, como batata, tomate, óleo de soja e arroz.

“Com a redução do dólar, a melhora do cenário econômico, uma eventual retirada do auxílio emergencial, pode ser que tenha arrefecimento dos preços alimentícios em particular”, acrescentou Kislanov.

Outra fonte de pressão sobre a inflação vem dos combustíveis. A gasolina subiu 1,64% em novembro, o sexto mês seguido de aumentos. O preço do etanol disparou 9,23%.

Apesar da aceleração na inflação, o IBGE ainda não vê sinais de pressão de demanda sobre o IPCA. (Daniela Amorim, Thaís Barcellos e Cícero Cotrim - Estadão Conteúdo)