População desocupada chega a 14 milhões
Como já era esperado por economistas, a fila de desempregados seguiu crescendo no terceiro trimestre, mesmo com a desaceleração no ritmo de fechamento de vagas, conforme os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A população desocupada somou 14,092 milhões de brasileiros no terceiro trimestre.
Com isso, a taxa de desocupação, de 14,6%, foi a maior da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. Em termos absolutos, o contingente de desempregados ficou muito próximo do recorde, de 14,105 milhões, registrado na virada de 2016 para 2017, fundo do poço da recessão de 2014 a 2016.
Na comparação com o segundo trimestre, o contingente de desocupados cresceu 10,2%, com 1,302 milhão de brasileiros a mais no desemprego. Ante um ano atrás, a alta foi de 12,6%, com 1,577 milhão de desocupados a mais.
O crescimento da desocupação já era esperado porque grande parte dos trabalhadores que perderam seus trabalhos, ou seja, saíram da população ocupada, foram para fora da força de trabalho. Por causa das medidas de isolamento social para conter a pandemia de Covid-19, muitos que perderam suas ocupações, tanto formais quanto informais, ficaram em casa e evitaram procurar novas vagas.
Pela metodologia internacional das estatísticas de mercado de trabalho, seguida pelo IBGE, só é considerado desocupada a pessoa que tomou alguma atitude para buscar ativamente um trabalho. Assim, conforme as medidas de isolamento foram sendo flexibilizadas, ao longo do terceiro trimestre, a partir de junho, mais trabalhadores voltaram, aos poucos, a procurar trabalho. Aqueles que não encontraram foram considerados desocupados.
“Temos efetivamente mais pessoas procurando o trabalho. Podem ser pessoas que estavam na força de trabalho potencial”, afirmou Adriana Beringuy, gerente da Pnad Contínua. (Vinicius Neder - Estadão Conteúdo)