Prévia da inflação mostra alta de 0,45% em setembro
Os preços dos alimentos continuaram subindo na primeira quinzena de setembro e, ao lado da gasolina mais cara, puxaram a aceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) deste mês, uma prévia do indicador oficial de inflação, medido pelo IBGE.
Dessa forma, o índice avançou 0,45% em setembro, ante 0,23% em agosto. Portanto, é a maior alta para meses de setembro desde 2012 e também a segunda maior de 2020. Assim, fica atrás apenas do 0,71% de janeiro, quando o choque de preços de carnes na virada do ano puxou a inflação.
Com alta de 1,48%, o grupo alimentação e bebidas respondeu por dois terços da variação total do indicador. Este é o maior impacto de alta entre os nove grupos de produtos cujos preços fazem parte de pesquisas do IBGE.
Alimentos pressionam inflação
A continuidade da pressão dos alimentos já era esperada por economistas, mas o movimento ainda é considerado temporário e, embora tenha grande efeito sobre a percepção da inflação e afete mais o orçamento dos mais pobres, não sinaliza para uma elevação generalizada de preços na economia.
“As projeções para o IPCA de 2020 permanecem baixas e abaixo da meta, apesar de termos visto um processo de revisão altista. É um choque temporário, não é combatível por política monetária. A dinâmica de inflação continua benigna”, disse o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez.
A “revisão altista” a que se referiu o economista ocorre de um mês para cá, por causa da inflação de alimentos. Os preços dos alimentos subiram no início da pandemia, com as famílias ficando mais em casa por causa do isolamento social, e voltaram a acelerar em agosto, turbinados tanto por maior demanda interna quanto por uma oferta interna menor, já que o dólar alto e a demanda da China impulsionaram as exportações. (Vinicius Neder - Estadão Conteúdo)