Setor de serviços tem 5ª alta seguida
Além do varejo e da indústria, o setor de serviços também teve desempenho positivo em outubro. O volume de serviços prestados no País subiu 1,7% em relação a setembro, a quinta taxa positiva consecutiva, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços divulgada ontem pelo IBGE.
Nos cinco meses de avanços, o segmento acumulou um ganho de 15,8%, mas ainda precisa crescer 6,5% para voltar ao nível de fevereiro, no pré-pandemia. Para o economista Helcio Takeda, da consultoria Pezco Economics, a recuperação do setor vai depender de uma solução para a Covid-19 que crie condições para a volta do consumo de atividades de lazer. Os serviços permanecem crescendo, mas a taxas cada vez mais baixas.
“É nítida a perda de fôlego da atividade de serviços”, disse Takeda. “E essa velocidade, ou ausência dela, tem a ver com a falta de confiança em retomar a rotina diante da pandemia”, completou.
O crescimento dos serviços em outubro indica um desempenho melhor que o previsto da atividade econômica no quarto trimestre, opinou o economista Julio Cesar Barros, da gestora de recursos MAG Investimentos. Tanto a indústria quanto o comércio varejista também mostraram expansão em outubro.
“Esperava-se que a atividade freasse de maneira mais brusca e, pelos dados, isso não tem ocorrido”, afirmou Barros, que admite um leve viés de alta na sua previsão de crescimento de 2,20% do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre.
Quatro das cinco atividades de serviços registraram crescimento em outubro ante setembro: informação e comunicação (2,6%), transportes (1,5%), serviços prestados às famílias (4,6%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (0,8%). O único resultado negativo do mês foi do setor de outros serviços (-3,5%).
Na comparação com outubro de 2019, porém, os serviços encolheram 7,4%. O setor deve amargar em 2020 o pior desempenho anual da Pesquisa Mensal de Serviços, iniciada em 2011 pelo IBGE.
“Os serviços provavelmente vão superar a queda de 2016 (-5,0%). O cenário de pandemia afeta mais os serviços do que qualquer outra atividade econômica‘, disse Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE.
A recuperação na circulação de pessoas ainda é lenta, apesar da flexibilização das medidas de isolamento social, justifica Lobo. O segmento de serviços prestados às famílias é o que enfrenta mais dificuldade de retornar ao pré-pandemia, ainda precisa crescer 47,6%. Os transportes precisam avançar ainda 8,8%, e os serviços profissionais, administrativos e complementares necessitam crescer 12,8%.
Lobo calcula que o universo investigado pela pesquisa corresponda a cerca de 30% do PIB como um todo, por isso afeta diretamente o resultado da economia. (Daniela Amorim e Cícero Cotrim - Estadão Conteúdo)