Volks negocia demissões em quatro fábricas no País
A Volkswagen negocia corte de funcionários em suas quatro fábricas no País, com a alegação de que é preciso adequar o quadro de pessoal à atual demanda do mercado, enfraquecida pela crise provocada pela pandemia do coronavírus.
O assunto já foi discutido na terça (18) e quarta-feira (19) entre dirigentes da montadora e representantes dos sindicatos de trabalhadores.
A empresa emprega ao todo 15 mil funcionários e, segundo os dirigentes sindicais que participaram do encontro realizado na fábrica do ABC paulista, o excedente seria de 35% -- ou seja, cerca de 5 mil pessoas, entre funcionários da linha de produção e do administrativo.
Porta-voz da empresa afirmou ser precipitado falar em números, uma vez que a empresa propõe negociar medidas de flexibilização que incluem redução de salários e de benefícios como Participação nos Lucros e Resultados (PLR), vale-transporte e convênio médico, além de corte de reajustes salariais -- o que, eventualmente, ajudaria a reduzir o número de excedentes.
Também não descarta abrir planos de demissão voluntária (PDV).
Em nota, a Volks confirma o processo de negociação e cita medidas de flexibilização e de revisão dos acordos coletivos -- alguns preveem estabilidade no emprego até 2021.
A direção da montadora alega a necessidade de “adequação do número de empregados ao nível atual de produção, com foco na sustentabilidade de suas operações no cenário econômico atual, muito afetado pela pandemia do novo coronavírus”.
A montadora cita dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) de que a produção de veículos deve cair 45% neste ano e que a recuperação do mercado só deve vir em 2025.
Só na pandemia, desde março, o setor fechou 3,2 mil vagas. Em 12 meses, foram 6,2 mil.
Atualmente, as montadoras empregam 122,5 mil funcionários.
No início do mês, a Renault demitiu 747 pessoas no Paraná, mas após greve e negociações com o sindicato, eles foram reintegrados e a empresa abriu um PDV.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde está a maior fábrica do grupo, a de São Bernardo do Campo, com 8,6 mil trabalhadores, informa que novas reuniões estão programadas para a próxima semana.
“Nossa visão é de que coisa boa não vem por aí, infelizmente”, afirma Júlio Henrique da Silva, secretário de Finanças do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos.
Segundo ele, os sindicatos entendem que a pandemia agravou o cenário, mas esperam construir alternativas conjuntas para evitar cortes. (Cleide Silva - Estadão Conteúdo)