Entenda a crise entre China e Estados Unidos e saiba quais são os impactos para o mundo

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Desde o começo de 2018, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vem realizando investidas tarifárias contra o governo chinês. Após o anúncio americano a respeito de taxações mais altas sobre produtos chineses, uma disputa comercial entre as duas potências foi instaurada.

Tentativas de ajustes diplomáticos foram ministradas por ambos os lados. Porém, a suspensão de acordos e novas ameaças retaliadoras frustraram qualquer perspectiva deliberativa.

No segundo semestre de 2019 as tensões emergiram de vez. A disputa, até então condensada em declarações afrontosas e alteração tarifária, escapou do âmbito protecionista para atingir o mercado cambial. A resposta asiática mediante a alta da moeda norte-americana e a imposição de novas taxas fiscais foi drástica: a super desvalorização do yuan – sendo acusada, posteriormente, de manipulação cambial.

Em outubro, representantes dos dois governos se reuniram em Washington para deliberar acerca do embate e planificar uma possível retomada das negociações. Como resultado, Trump declarou que a “primeira fase” de um acordo comercial entre as duas partes já estava encaminhada, porém maiores detalhes da operação não foram divulgados.

Confira nesse artigo os principais aspectos da crise envolvendo as duas principais potências econômicas do mundo atual, bem como dados que elucidam o conflito.

Guerra comercial: tensões políticas e econômicas

Apesar da disputa ter atingido o ápice recentemente, seu incitamento ocorre desde a campanha eleitoral de Trump. Os discursos do hoje presidente dos EUA sempre tenderam para princípios conservadores e protecionistas, sendo crítico ferrenho do, comparado aos números chineses, déficit comercial americano.

Alcançado o posto de dirigente superior do país, em março de 2018, Trump iniciou efetivamente o embargo à venda de produtos especificamente chineses ao território ianque. Medidas, taxações e provocações diretas têm sido, desde então, a principal arma do norte-americano para alcançar uma das promessas de campanha.

Por sua vez, o governo da China implementou obstáculos alfandegários para produtos estadunidenses e, como apontado anteriormente, abaixou a cotação da moeda nacional, o yuan.

A disputa em questão ultrapassa os limites financeiros, sendo tratada como matéria geopolítica – a primeira dessa magnitude no séc. XXI. São duas superpotências disputando o posto de autoridade comercial mundial.

Nas últimas décadas, o rápido crescimento da China foi capaz de alterar a lógica mercantil mundial, assim como reestruturou a ordem de produção. Assim, os Estados Unidos, sob representação conceptiva de Donald Trump, enxergou na China, potência emergente, uma ameaça de soberania.

É verdade que os dois países apresentam divergências entre os modelos político-econômicos adotados para reger a nação e suas relações internacionais. A disputa, porém, está externada, concretizando o ideal de “inimigo”.

Preocupação mundial

Uma particularidade tem causado temor nos países de todo o mundo, sobretudo naqueles que são parceiros dos países: atualmente, os Estados Unidos é a primeira grande economia global e a China, a segunda. Por esse motivo, qualquer desdobramento negativo em uma das potências pode desencadear uma reação em cadeia, impactando diretamente na saúde financeira de dezenas de nações.

O Produto Interno Bruto (PIB) mundial pode, também, sofrer alterações. No relatório geral de julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou crescimento moderado perante o estreitamento da tensão entre as potências.

A grande preocupação, entretanto, advém do comércio globalizado. Ainda segundo o FMI, na primeira parte de 2019, a disputa influenciou para uma queda acentuada nas economias asiáticas emergentes. Grande parte em decorrência do fim das transações tecnológicas – empresas americanas deixaram de fornecer itens essenciais para a produção técnica de países da Ásia.

As incertezas, além de abalarem a expectativa de crescimento do FMI, são fatores cruciais para a queda do mercado financeiro. A tendência, em momentos como esse, é que investidores procurem aplicações mais seguras, sem tanta exposição. Os índices das bolsas ao redor do mundo recuaram.

Solução a caminho?

Em junho, após reunião do G20, Donald Trump e Xi Jinping acordaram uma trégua comercial entre os países. Em agosto, porém, o norte-americano rompeu o trato ao impor maiores tarifas sobre produtos chineses.

A rápida resposta asiático veio com a suspensão de compra de produtos agrícolas estadunidenses.

O encontro na capital dos Estados Unidos entre representantes de ambos os lados conduziu à “primeira fase” de um acordo comercial. A continuação do processo, assim como os aspectos estruturais, não foram manifestados.