Tecnologia e a alfabetização: principais caminhos e desafios

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A forte presença dos smartphones tem papel fundamental na democratização do acesso à internet no Brasil. A Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP) por meio da 30ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas revelou que existem hoje no Brasil cerca de 230 milhões de aparelhos digitais ativos, e esse número tende a aumentar.

Apesar disso, a modernização do ensino e introdução de tecnologia nas escolas ainda enfrenta grandes dificuldades, como a falta de infraestrutura e a baixa disponibilidade de computadores para uso escolar.

A nova realidade da comunicação, realizada em grande parte por meio de telas e trocas de mensagens, traz à luz a necessidade da revisão de práticas de alfabetização e da educação em meio digital.

Dessa forma, não apenas o uso de dispositivos tecnológicos em todas as camadas do ensino se faz necessário, mas também a educação acerca do uso e da presença desses dispositivos em nosso dia a dia.

Contudo, a mera presença desses dispositivos em sala de aula não garante que seu uso seja feito de forma adequada. Além de configurar mais recursos para aulas, como a utilização de videoaulas, é importante que professores, diretores e mesmo alunos atuem de maneira conjunta na utilização desses recursos, desenvolvendo atividades e projetos que estimulem, sobretudo, o pensamento crítico.

A importância da alfabetização tecnológica

 A presença cada vez maior da tecnologia no cotidiano das pessoas expõe a necessidade de um processo educacional adequado a essa realidade.

Crianças e mesmo adultos em fase de alfabetização precisam receber preparo para esse novo cenário, visando à formação de cidadãos conscientes e capazes de interagir de forma crítica e reflexiva em um ambiente que oferece infinitas possibilidades, e, por isso, repleto de riscos.

Tal preparo, contudo, não deve ter embasamento proibicionista, mas de atenção quanto à utilização saudável do ambiente digital.

Crianças e principalmente jovens compõem grande parte dos usuários de tablets e smartphones, e para que façam esse uso de maneira autônoma e positiva, é preciso que sejam estimulados de maneira efetiva.

As chamadas profissões do futuro também figuram como pontos importantes a serem considerados quando se trata de pensar em formas de ensino que aconteçam com o uso de ferramentas tecnológicas.

Pessoas pouco familiarizadas ao uso de dispositivos ou mesmo à linguagem adotada em ambiente digital podem ter dificuldades ao buscar inserção no mercado de trabalho, uma vez que se espera aumento na demanda de profissionais capacitados em áreas de programação e tecnologia da informação.

Crédito: divulgação

A realidade das escolas brasileiras

Apesar da importância da alfabetização tecnológica para crianças, jovens e adultos, poucas escolas brasileiras contam com a infraestrutura necessária para essa modalidade de ensino.

Os resultados da pesquisa TIC Educação 2018, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), concluiu que a maioria dos professores de escolas públicas e privadas que utilizam recursos online durante suas aulas precisa fazer uso do próprio plano de dados para desenvolver atividades em sala de aula.

De acordo com o estudo, 58% dos professores de escolas públicas urbanas utilizam o celular em atividades com os alunos. Desses, 51% usam a própria rede de internet para isso. No caso das escolas particulares, o índice foi de 44%.

A capacitação de professores também é um desafio a ser superado. De acordo com os resultados da pesquisa, 90% dos professores entrevistados afirmaram ter buscado se informar sozinhos sobre novas tecnologias e recursos para o ensino.

Segundo Daniela Costa, coordenadora da pesquisa TIC Educação, há interesse dos professores por aperfeiçoamento e pelo uso da tecnologia no processo de alfabetização, mas ainda falta aprimoramento das oportunidades de formação estruturadas.