Futebol tenta salvar 156 mil empregos

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Manutenção de gramado é uma das ocupações nos clubes. Crédito da foto: Divulgação / Prefeitura de Fortaleza

Manutenção de gramado é uma das ocupações nos clubes. Crédito da foto: Divulgação / Prefeitura de Fortaleza

Os cuidadores de gramado Francisco Almeida, funcionário do Fortaleza, e Reinaldo Gomes, do Bahia, ficaram preocupados quando a pandemia do novo coronavírus paralisou o futebol brasileiro e forçou os clubes a diminuírem despesas. Os dois fazem parte de uma parcela numerosa do mercado de trabalho. Se a modalidade parece se resumir a jogadores, técnicos e altos salários, na verdade se trata de um segmento que emprega 156 mil pessoas no País, segundo estudo da CBF.

A pesquisa divulgada no ano passado e feita pela empresa Ernst & Young mostra que o futebol brasileiro em 2018 teve impacto de 0,72% no PIB nacional, ao movimentar R$ 52,9 bilhões. Embora existam salários milionários no meio, a modalidade conta com uma turma bem mais humilde. Para cada jogador empregado, há uma série de outros trabalhadores que também dependem do funcionamento dos times para garantir o sustento das famílias.

Segundo o estudo, 33% dos empregados dos clubes não são atletas ou da equipe técnica.

Muitos clubes estão adotando medidas para tentar proteger esses empregos. O Fortaleza, por exemplo, vai reduzir os salários do elenco em até 25% durante a pandemia e criou o programa Rede de Proteção ao Funcionário. A proposta é transformar o estoque de produtos alimentícios do clube em cestas para distribuir aos colaboradores que ganham menos. O Atlético-MG teve atitude parecida, mantendo integrais apenas os salários abaixo de R$ 5 mil.

O cuidador do gramado do CT do Fortaleza, Francisco Almeida, de 37 anos, ficou mais tranquilo quando soube que o elenco aceitou receber menos. Funcionário do clube há 19 anos, ele sustenta três pessoas com o salário. “O clube não é só o jogo em si, mas também uma equipe que faz tudo isso acontecer. É imensa gratidão por essa atitude”, disse.

Colega de profissão dele, Reinaldo Gomes trabalha no Bahia há 20 anos e até foi homenageado na inauguração do CT da equipe, em janeiro deste ano. “É ruim ficar parado porque não tem mais jogo. Gosto de participar do futebol e de arrumar o gramado para o time. Mas o importante é manter o emprego mesmo nessa época, porque cinco pessoas da minha família dependem de mim”, disse.

“O futebol, eu costumo falar que é a maior empresa do mundo, porque tem em todos os países e tem milhares de pessoas que vivem dele”, brincou o supervisor de futebol do Atlético-GO, Junior Murtosa. Há 15 anos no clube, ele coordena uma equipe de mais de 130 funcionários. “Para um time entrar em campo, precisa desde a comida, uniforme lavado e concentração e estádio limpos”, completou. (Da Redação com Estadão Conteúdo)