Interlagos continua ‘patinando’ na lei
Lançado há um ano para modernizar a gestão do autódromo de Interlagos, em São Paulo, o projeto de concessão privada da pista está suspenso e ainda não há previsão de quando será retomado. O edital que tinha o objetivo de atrair empresas e arrecadar R$ 1 bilhão ao longo de 35 anos está paralisado por determinação do Tribunal de Contas do Município (TCM). Segundo especialistas, para a ideia realmente dar certo, o melhor seria recomeçar todo o trabalho em vez de só se fazer correções pontuais no texto do edital.
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, o objetivo da administração municipal é que o projeto seja retomado assim que o TCM autorizar a republicação. O órgão fiscalizador sinalizou ao longo deste ano em mais de uma ocasião que o edital não tinha condições de prosseguimento. O texto chegou a ser alterado, mas em agosto um novo posicionamento do TCM apontou a existência de 17 incorreções.
Antes da suspensão, o edital havia atraído o interesse de quatro empresas. Quem assumisse a concessão teria a obrigatoriedade de transformar o complexo em um espaço multiuso, com a possibilidade de erguer shopping center, hotel, galpão comercial e, claro, receber eventos automobilísticos. Por outro lado, 80 dias por ano teriam de estar reservados para eventos da Prefeitura, entre eles o GP do Brasil.
Na opinião do especialista em direito imobiliário Hugo Pina, uma falha do edital foi não detalhar como cada uma das atividades econômicas previstas no complexo poderia trazer receitas para os interessados. No caso do possível shopping e hotel em Interlagos, a base foi a demonstração financeira de estabelecimentos que pertencem aos mesmos conglomerados.
Engenheiro civil especializado em perícias e avaliações, Nilo Márcio afirmou que o edital de Interlagos careceu até mesmo de mostrar impactos da obra na vizinhança e terá agora de ser bem mais detalhista para que a ideia possa dar certo.
Enquanto a Prefeitura de São Paulo patina na concessão de Interlagos, a administração do Rio de Janeiro tenta acelerar o projeto do autódromo de Deodoro e, assim, conquistar o GP do Brasil de Fórmula 1, mas também enfrenta problemas legais. (Da Redação, com Estadão Conteúdo)