Gringo contra gajo
São Paulo, de Crespo, faz 1ª final do Paulista com o Palmeiras de Abel
O argentino Hernán Crespo, do São Paulo, e o português Abel Ferreira, do Palmeiras, iniciam hoje (20), às 22h, a decisão do Campeonato Paulista, no Allianz Parque. Neste duelo, a nacionalidade dos técnicos precisa de destaque. Esta é a primeira final da história do torneio estadual entre treinadores estrangeiros. O troféu tem peso diferente para os dois treinadores: o são-paulino carrega o jejum de nove anos; o palmeirense já levantou duas taças recentes em poucos meses de trabalho.
Por ter feito a melhor campanha, o São Paulo terá a vantagem de decidir o título em casa, no Morumbi, domingo (23), às 16h. Igualdade nas duas partidas leva às penalidades. José Poy, em 1975, com o São Paulo, foi o primeiro técnico estrangeiro a levantar a taça no estadual mais importante do País. Só Dario Pereyra repetiu o feito, em 1997, também pelo Tricolor.
Crespo e Abel reafirmam o aquecimento do mercado brasileiro para professores de outras nacionalidades depois das conquistas de Jorge Jesus no Flamengo e dos novos conceitos de Jorge Sampaoli com o Santos. Só na temporada passada, dez comandantes estrangeiros trabalharam em clubes da primeira divisão. É um recorde desde 2001.
No Paulistão, Crespo e Abel personificam as estratégias dos clubes que dirigem. O são-paulino administra o peso emocional de um jejum de nove anos sem títulos e o troféu estadual é sinônimo de respaldo e tranquilidade para o restante da temporada. Essa “obsessão” orientou o planejamento da comissão técnica, principalmente nas fases mais agudas do Paulistão. Com o aval dos diretores, o argentino poupou os titulares nos dois últimos jogos da Libertadores. Tudo para que o time principal estivesse focado e descansado na ida da decisão.
“Quando se trata do São Paulo, o título tem de estar permanente na cabeça de cada um. Clube grande que não ganha há muito tempo não ganha. Temos no Estadual uma grande oportunidade de começar isso novamente. Estamos com vontade, ansioso não é a palavra correta”, disse o goleiro Tiago Volpi.
Abel Ferreira adotou estratégia oposta. Depois que a Federação Paulista negou o pedido de adiamento do jogo com o Corinthians, ainda na fase de classificação, o Palmeiras passou a escalar um time B. Às vezes, até o C no torneio. A prioridade se tornou a Libertadores. Nas fases finais, a escalação reserva passou a ser mais encorpada. Nas quartas de final diante do Bragantino, jogaram vários titulares. Diante do Corinthians, na semifinal, a escalação foi a principal.
Campeão da Copa do Brasil e da Libertadores e vice (nos pênaltis) na Supercopa e Recopa Sul-Americana. Abel parte para a quinta decisão desde que chegou ao clube, em novembro de 2020. O estadual é uma conquista inédita -- no ano passado, o treinador era Vanderlei Luxemburgo. “Quando cheguei aqui, não disse que ia conquistar títulos, disse que ia ter trabalho de qualidade, que tínhamos condições com jogadores de qualidade de poder lutar por títulos. Se vamos ganhar ou não, não sei. Orgulho por perceber que essa equipe tem estado presente em todas as finais. Tem de valorizar os processos para chegar até as finais”, analisou o técnico.
A final deve apresentar um duelo de espelhos táticos: os dois times costumam usar o esquema com três zagueiros. Com mais tempo no cargo, Abel Ferreira adotou o sistema eventualmente em 2020. Rony, Luiz Adriano e Raphael Veiga vivem grande fase. O São Paulo não jogava assim desde Rogério Ceni, em 2017. Daniel Alves está recuperado de lesão e deve começar a partida. (Estadão Conteúdo)
PALMEIRAS x SÃO PAULO
Palmeiras - Weverton; Luan, Gustavo Gómez e Renan; Mayke, Felipe Melo, Patrick de Paula, Raphael Veiga e Victor Luís; Rony e Luiz Adriano. Técnico: Abel Ferreira
São Paulo - Tiago Volpi; Arboleda, Miranda, Léo; Daniel Alves, Luan, Liziero, Reinaldo, Benitez; Pablo e Luciano. Técnico: Hernán Crespo
Árbitro - Flavio Rodrigues de Souza
Horário - 22h
Local - Allianz Parque, em São Paulo