Tite e jogadores amenizam discurso crítico
Por meio das redes sociais, os jogadores da seleção brasileira divulgaram um manifesto sobre a realização da Copa América no Brasil, após a vitória sobre o Paraguai -- já na madrugada de ontem. No texto, os atletas se posicionaram contra a competição que começa no domingo, em solo nacional, mas confirmaram a participação. “Somos contra a organização da Copa América, mas nunca diremos não à seleção brasileira”, escreveram. Na entrevista coletiva o técnico Tite foi na mesma linha e disse que jamais pensou em deixar comando da seleção brasileira.
No manifesto, os jogadores explicam que não houve tentativa ou sugestão de boicote à Copa América. Assim se limitaram a expor o desconforto com as mudanças de sede e dificuldades com a organização. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro usaram as redes sociais, nos últimos dias, para criticar a postura da seleção, principalmente do técnico Tite, contrária ao evento no Brasil.
“Por diversas razões, sejam elas humanitárias ou de cunho profissional, estamos insatisfeitos com a condução da Copa América pela Conmebol, fosse ela sediada tardiamente no Chile ou mesmo no Brasil. Todos os fatos recentes nos levam a acreditar em um processo inadequado em sua realização”, dizem os jogadores, no manifesto.
“É importante frisar que em nenhum momento quisemos tornar essa discussão política. Somos conscientes da importância da nossa posição, acompanhamos o que é veiculado pela mídia, estamos presentes nas redes sociais. Nos manifestamos, também, para evitar que mais notícias falsas envolvendo nossos nomes circulem à revelia dos fatos verdadeiros.”
As informações sobre o descontentamento de integrantes da seleção brasileira surgiram logo após o anúncio de que o Brasil passaria a receber o evento, diante das negativas de Colômbia e Argentina, países que originalmente abrigariam a competição. A insatisfação de jogadores e comissão técnica veio ao encontro da repercussão negativa em sediar a Copa América no Brasil em meio à pandemia, com números que ultrapassam os 470 mil mortos.
Mudou o tom
Quatro dias após dar uma entrevista visivelmente incomodado, com voz baixa e sentimento de despedida, Tite mudou o tom após a vitória diante do Paraguai. Garantiu que jamais pensou em deixar o comando da equipe e, no dia que prometia esclarecimentos, o treinador foi evasivo e falou pouco de futebol.
“Eu pensei no meu trabalho e nas exigências que eu teria a cada dia. Continuamos trabalhando e tenho de fazer um agradecimento especial, pois a minha energia ficou voltada para isso. Não sou hipócrita e não sou alienado. Eu sei que as coisas aconteceram. Mas sei também dar prioridade, que é cuidar do meu trabalho”, afirmou o técnico.
Cuidadoso com as colocações e sempre evitando polêmicas, Tite se esquivou o máximo possível ao falar sobre o presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, com quem estaria em rota de colisão nos últimos dias. (Da Redação)