Região na Paralimpíada
Halterofilistas de Salto e Itu disputam a competição em Tóquio
Os halterofilistas Bruno Carra, de Salto, e Mariana D’Andrea, de Itu, serão os dois únicos representantes da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) na Paralimpíada de Tóquio, que começa no dia 24 e vai até dia 5 de setembro. Ambos têm nanismo, treinam na Associação Esportiva de Apoio ao Atleta, Paratletas e Esportistas de Itu e Região e não pararam durante a pandemia de Covid-19, que adiou o evento em um ano.
“Muita gente está torcendo, muita oração e energia positiva. Essa energia faz toda a diferença”, disse Mariana, que é a líder do ranking mundial na categoria que compete (até 73 quilos). Uma das esperanças do Brasil em medalha, ela bateu o próprio recorde na Copa do Mundo on-line, em julho do ano passado, e foi ouro na Copa do Mundo, em maio, também com recorde.
“Às vezes as pessoas não entendem, né? Eu vivo do esporte. Ver tudo isso é muito gratificante, vale a pena. Ter quebrado recordes e ficado em primeiro lugar na Georgia (Copa do Mundo) é saber que todo o trabalho está sendo positivo”, avaliou a atleta, que iniciou a carreira em 2015.
Tanto Mariana quanto Bruno viajaram com a delegação brasileira depois de terem treinado por um período em São Paulo. Assim que chegaram ao aeroporto japonês, no dia 6 de agosto, porém, precisaram ficar em isolamento porque uma pessoa que estava no avião testou positivo para Covid-19 -- por conta disso, os atletas brasileiros tiveram de seguir rígido protocolo e ficaram sem treinar por alguns dias.
“Esse problema só me deixou mais forte, não perdi a motivação. A gente não pode pensar em outras coisas e que isso pode abalar a gente. A minha competição será no dia 29 de agosto, por volta das 2h (horário de Brasília). Estou bastante confiante no que eu venho treinando e fazendo durante esse período de cinco anos (ciclo olímpico), bastante tranquila, por enquanto, e pronta”, complementou.
Classificado em quarto lugar do ranking para os Jogos de Tóquio, Bruno Carra é velho conhecido da torcida brasileira. Na Rio-2016, por pouco ele não conquistou a medalha de bronze, quando, no desempate, o lugar no pódio foi para o grego Dimitrios Bakochristos.
“Estou nessa expectativa de ficar entre os três e pegar medalha. Acredito que, dando o meu melhor e conseguindo aperfeiçoar nessa reta final, eu consiga isso. A minha categoria e meu esporte como um todo são de altíssimo nível. Um quilo ou um empate define primeiro, segundo e terceiro lugares”, iniciou o atleta, que compete na categoria até 54 quilos.
“Desta vez estou me sentindo mentalmente muito mais preparado caso tenha uma disputa tão acirrada novamente. Na Rio-2016 isso me pegou um pouco, senti a pressão da mídia, da minha família acompanhando. Acabei perdendo um pouco nesse quesito psicológico”.
Bruno também não escondeu sua alegria em representar a cidade de Salto e, quem sabe, presentear os moradores com uma medalha -- seria a segunda do Brasil na categoria em uma Paralimpíada, depois do baiano Evânio Rodrigues da Silva, na Rio-2016, categoria até 88kg. “Poder orgulhar o pessoal que é da cidade é algo indescritível. Tenho muito orgulho de ser saltense e eles têm orgulho de mim e me mandam muita energia positiva. Quero muito dar essa alegria para eles, para Itu, Sorocaba e toda a região”, finalizou.
Competição
Os atletas são divididos em categorias conforme o peso corporal, assim como na modalidade convencional. Na Paralimpíada, são elegíveis amputados, les autres (deficiência locomotora) com limitações mínimas, com paralisia cerebral e com lesões na medula espinhal. Eles precisam estender completamente os braços com não mais de 20 graus de perda em ambos os cotovelos para realizar um movimento (chamado supino, deitados em um banco). O maior peso levantado em três tentativas é computado na avaliação de três árbitros presentes. (Marina Bufon)