Cuca chega ao Corinthians, sofre protestos e fala de condenação
Cuca revelou o desejo de participar de movimentos contra abusos e que defendem as mulheres
Cuca falou nesta sexta-feira (21) suas primeiras palavras como técnico do Corinthians. Em 40 minutos de entrevista no fim da tarde, o treinador respondeu, principalmente, a perguntas a respeito da condenação que sofreu em Berna, na Suíça, por estupro a uma menina de 13 anos, quando ainda era jogador do Grêmio, e que provocou uma série de protestos de torcedores contra a sua chegada.
“É um tema delicado, pessoal, mas faço questão de falar e ser aberto. Eu estava no Grêmio há uns 20 dias. Tenho vaga lembrança de tudo que aconteceu. Na lembrança que tenho, tinha 23 anos, íamos jogar uma partida e pouco antes subiu uma menina para o quarto. O quarto em que eu estava com mais três jogadores era duplo, tinha duas camas. Essa foi minha participação nesse caso”, começou por dizer o treinador.
“Sou totalmente inocente, não fiz nada. As pessoas falam que houve um estupro. Eu não fiz nada”, enfatizou Cuca. “A gente vê e ouve um monte de coisas falando inverdades, chegando a me ofender. Vou fazer 60 anos, tenho duas filhas, de 32 e 34 anos. Venho de uma casa em que sou o único homem”, defendeu-se.
Cuca falou muito mais de 1987 do que 2023. “O meu erro foi não ter me defendido. Primeiro, não tinha dinheiro para me defender. Segundo, nem soube que eu tinha sido julgado. Por três vezes, a moça esteve lá na frente. Ficamos para averiguação. Eu juro por Nossa Senhora que eu não estava. Como posso ser condenado pela internet? A internet te julga e te pune”, declarou.
Protestos
Cuca revelou o desejo de participar de movimentos contra abusos e que defendem as mulheres. “Sou pai, sou avô. Quero que as mulheres estejam cada vez mais protegidas. Por isso estou aqui. Mais da metade da torcida do Corinthians é feminina. Um time que tem a causa respeita às minas. Essa causa que está existindo eu quero abraçar também até por proteção às minhas filhas, minha mulher, minha irmã”, comentou. “Por que eu devo uma desculpa pra sociedade se eu não fiz nada?”, voltou a repetir.
Do lado de fora do CT Joaquim Grava, um coletivo de torcedores, formado majoritariamente por mulheres, protestou contra a contratação do treinador. Uma delas, Luciana, contou que uma amiga, vítima de abuso infantil, não teve forças para se manifestar porque o caso de Berna gerou gatilhos nela. “Duílio e patrocinadores, o que é respeito às minas para vocês”? Questionou Luciana. “Respeito às minas não é fazer campanha de dias das mulheres, de dia das mães, levar mulher à arena e fazer uniforme para mulher”.
O técnico disse que “não é bandido” e afirmou não se importar com as manifestações pedindo a sua saída. “Do fundo do coração, pode haver protesto, mas ele não é maior que minha vontade de estar aqui”, salientou o técnico. “Eu vou passar por cima de tudo, de protesto, do que tiver. E se não tiver, vou me fortalecer. Hoje eu sou Corinthians”. O comandante corintiano garantiu que dorme “tranquilo” porque tem saúde e paz. (Da Redação, com Estadão Conteúdo)