Ex-chefão de Ferrari e FIA apoia Massa

Por Cruzeiro do Sul

Nelsinho Piquet mudou destino de Massa e Hamilton em 2008

O francês Jean Todt, figurão da Fórmula 1 que já foi chefe da Ferrari e presidiu a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), está certo de que o GP de Cingapura de 2008 deveria ter sido invalidado por manipulação. Foi o que ele disse ao jornal italiano “La Stampa”, em declaração de apoio ao brasileiro Felipe Massa, atualmente dedicado a uma batalha jurídica para ser reconhecido como campeão do Mundial de Pilotos daquela temporada, já que foi prejudicado por uma batida proposital de Nelsinho Piquet na etapa cingapuriana.

“Para ele, foi muito difícil psicologicamente. Acho que, talvez, nós deveríamos ter sido mais duros quando esta história se tornou conhecida. Não há dúvida de que o GP de Cingapura foi manipulado e deveria ter sido cancelado”, afirmou Todt, em comentário breve, pois disse que não gostaria de se estender muito sobre o assunto.

Todt é bem próximo de Massa. Neste ano, durante a sétima etapa da Stock Car, em Goiânia, fez uma visita ao brasileiro nos boxe da Lubrax Podium, em agosto. Um mês antes, Massa esteve no casamento do francês com Michelle Yeoh, vencedora do Oscar de Melhor Atriz este ano, por sua atuação no filme “Tudo em todo lugar ao mesmo tempo”.

Mesmo envolto pelo contexto da amizade entre os dois, o apoio de Todt é importante para Massa, pois o dirigente é influente e demais chefões da Fórmula 1 têm evitado se envolver no assunto. O grande ressentimento do piloto basileiro está na falta de posicionamento da Ferrari, hoje chefiada por Frederic Vasseur.

A disputa entre Massa e F1 e FIA remete ao GP de Cingapura de 2008, um dos mais polêmicos da história da modalidade. Na ocasião, o brasileiro e Lewis Hamilton brigavam ponto a ponto pelo título. Antes daquela corrida, o inglês liderava o campeonato por apenas um ponto.

No auge de sua trajetória na Fórmula 1, Massa conquistara a pole position. Na corrida, liderava até a 14ª de 61 voltas. Foi quando Nelsinho Piquet bateu intencionalmente seu carro, conforme admitiu em 2019, por ordem do polêmico Flavio Briatore, para beneficiar Fernando Alonso, seu companheiro na Renault. O espanhol havia feito pit stop duas voltas antes e estava com o tanque cheio - na época, havia reabastecimento dos carros durante as corridas.

A batida provocou a entrada do safety car na pista, o que mudou totalmente a história da corrida. Alonso, que largara em 15º, herdou e manteve a primeira posição até a bandeirada final. Foi o maior beneficiado pela batida. Massa foi o maior prejudicado porque ainda viu a Ferrari cometer alguns erros nos boxes. Após cair para o último lugar da prova, o brasileiro terminou a prova em 13º, sem somar pontos. Hamilton foi o terceiro e viu sua vantagem subir de um para sete pontos na tabela. O título, três etapas depois, foi definido por apenas um ponto de diferença.

O pleito

O caso voltou aos jornais em março deste ano. Bernie Ecclestone, chefão da F1 por quase 40 anos, fez revelações bombásticas sobre o caso em entrevista ao site F1-Insider. Questionado sobre os títulos de Hamilton, o inglês afirmara que considerava Michael Schumacher o único heptacampeão da história da F1 porque Hamilton não seria o campeão moral de 2008, na sua avaliação.

Ecclestone disse que considerava Massa o campeão daquele ano em razão do que acontecera em Cingapura. O inglês revelou que ficou sabendo sobre a batida intencional de Nelsinho ainda durante 2008. Essa informação é o grande fundamento das ações judiciais de Massa. O motivo é que, pelas regras da FIA, um campeonato não pode ter seus resultados alterados após finalizado. Assim, a confissão de Nelsinho, feita somente em 2009, não seria o suficiente para mudar o resultado daquela corrida.

Neste contexto, as declarações de Ecclestone promoviam uma grande reviravolta na discussão Além do reconhecimento do título mundial de 2008, a intenção de Massa seria buscar uma indenização por danos morais em razão das perdas financeiras que ele sofreu por ter ficado sem o troféu de campeão. (Da Redação, com Estadão Conteúdo)