Testemunhas depõem e seguem versão da vítima
A mulher que acusa Daniel Alves por crime sexual reafirmou a versão apresentada na denúncia no primeiro dia de julgamento do brasileiro. Outra mulher ouvida anteontem (5) também mencionou que o jogador a apalpou ainda antes do abuso. Além da mulher que acusa Daniel Alves, outras cinco pessoas prestaram depoimento na segunda-feira: uma amiga e uma prima da denunciante, dois garçons e um porteiro da boate onde ocorreu o episódio. Ontem (6), o julgamento continuou e um sócio da boate comprovou versão da vítima principal, garantindo que ela queria deixar o banheiro, mas foi impedida pelo jogador.
Em lágrimas, uma das amigas que estava com a denunciante na noite do ocorrido contou que a amiga saiu do banheiro “chorando bastante” e “de coração partido”, afirmando aos amigos repetidas vezes que o jogador havia lhe feito “muito mal”. Já a prima da mulher da denunciante disse que desde o início se sentiu desconfortável com a presença do atleta, relatando que ele a tocou em uma região íntima enquanto dançavam. Ela conta que viu Daniel Alves se dirigir a uma porta que acreditou ser uma saída para o lado de fora da boate e disse para a prima “ir falar com ele”. Minutos depois, o atleta passou pela porta de “cara feia”. Depois, a mulher saiu pela porta, dizendo que precisava ir para casa porque ele havia lhe feito “muito mal”.
Robert Massanet, sócio da boate Sutton, em Barcelona, confirmou que a mulher que acusa Daniel Alves por crime sexual tentou sair do banheiro em que entrou com o jogador, mas foi impedida por ele. O empresário definiu como “alterado” o estado da mulher e disse que ele teve dificuldades para convencê-la a acionar o protocolo de agressão sexual das leis espanholas. Segundo ele, a mulher tinha receio de ser desacreditada. “Ela me disse que não iam acreditar nela. E que havia entrado de maneira voluntária (ao banheiro), que logo quis sair, mas não podia. Estava bastante afetada.”
Ele relatou, ainda em depoimento, que a viu chorando junto de um segurança do local, quando ouviu sobre a acusação de assédio. No depoimento, também foi apontado que Daniel Alves passou por eles e foi apontado pela mulher. Massanet também a questionou se ela havia sofrido penetração, o que foi confirmado.
O gerente da boate Sutton, Rafael Lledó, disse que Daniel Alves “não estava como sempre”. Quis dizer que o jogador estava alterado pelo efeito de álcool. “Ou havia bebido, ou havia tomado algo, mas não estava normal”. As menções ao possível estado de embriaguez do jogador foram repetidas em outros depoimentos durante a sessão.
A audiência ocorre em três dias consecutivos. O jogador brasileiro pediu para ser ouvido somente hoje (7). Ele mudou sua versão sobre o caso por diversas vezes, trocou de defesa e teve três pedidos de liberdade provisória negados, com a Justiça citando risco de fuga do país. Ainda não há prazo para o anúncio da sentença. A pena para este tipo de crime no país é de até 12 anos de reclusão. (Da Redação, com Estadão Conteúdo)