Palmeiras e Santos decidem a final do Paulistão neste domingo (7)
Equipes, que confrontam estilos, estrelas e momentos opostos, se enfrentam às 18h, no Allianz Parque, na capital paulista
Palmeiras e Santos voltam a se encontrar em um jogo decisivo após três anos. A circunstâncias são completamente diferentes. Enquanto o time alviverde vive uma de suas melhores fases da história, o clube alvinegro passa por uma reconstrução após a queda para a Série B do Campeonato Brasileiro. Hoje (7), às 18h, a final do Paulistão vai opor equipes com características diferentes e conceitos distintos sobre o peso que ganhar o Estadual terá no restante da temporada.
No primeiro encontro entre Palmeiras e Santos, na Vila Belmiro, quem levou a melhor foi o time da Baixada. A vitória por 1 a 0 diminuiu o favoritismo alviverde. Otero fez o gol que dá vantagem aos santistas para o confronto no Allianz Parque. Para ser campeão, a equipe de Fábio Carille precisa apenas de um empate. Já os palmeirenses terão de vencer por dois ou mais gols para ficar com o troféu no tempo normal. Caso haja um triunfo dos mandantes por um gol de diferença apenas, o campeão será definido em cobranças de pênaltis.
O Palmeiras é o dono da melhor campanha nesta edição do Estadual. Em 15 jogos, soma 10 vitórias, quatro empates e somente uma derrota. Foram 26 gols marcados e 11 sofridos. O Santos, por sua vez, também tem 10 triunfos no torneio, mas conseguiu dois empates e foi derrotado em três oportunidades. O conjunto alvinegro foi às redes 22 vezes e foi vazado em 12 ocasiões.
A final do Paulistão deste domingo traz algumas semelhanças com a decisão do Estadual de 2015. A grande diferença é que os clubes viviam situações inversas. O Palmeiras se salvou por muito pouco do rebaixamento nacional no ano anterior e começou uma reconstrução com a chegada do diretor de futebol Alexandre Mattos e o início do patrocínio das empresas da atual presidente Leila Pereira. O Santos estava mais confortável, em um momento mais consolidado, apesar de estar distante da realidade de títulos que o Palmeiras vive hoje. Naquela decisão, o time alvinegro levou a melhor e ficou com o troféu nos pênaltis. Foi também a última vez em que os rivais duelaram na final estadual.
O Palmeiras busca um feito histórico. Há 90 anos a equipe não consegue três títulos consecutivos do Paulistão. O técnico Abel Ferreira também pode alcançar Oswaldo Brandão como o treinador com mais troféus erguidos com o clube alviverde: 10. O português está em sua 13ª final com o time palestrino, ganhou sete e perdeu cinco até aqui. Entram na conta dos títulos os Nacionais de 2022 e 2023. Outro fator importante para os donos da casa será o apoio do torcedor. A expectativa é que mais de 40 mil pessoas lotem o Allianz Parque.
“Estamos agora inteiros para essa final na nossa casa. Convoco nossos torcedores para nos apoiar em todos os momentos, mesmo que soframos um gol no primeiro minuto ou marquemos um ou dois no começo. O jogo só acaba quando o árbitro apita. Vocês sabem que essa equipe nunca se rende e vai lutar pelos melhores resultados. Quero lembrar aos nossos jogadores as emoções de disputar e ganhar esses jogos”, disse Abel.
Após entrar em campo no meio de semana e empatar com o San Lorenzo, na Argentina, por 1 a 1, pela Copa Libertadores, o Palmeiras terá de volta sua equipe completa para a final. No duelo continental, Abel poupou alguns dos titulares, mas saiu dos pés de um deles o gol que garantiu a igualdade, o lateral-esquerdo Joaquín Piquerez. O uruguaio foi bastante criticado na partida de ida pela desatenção que permitiu a Otero marcar o tento que deu a vitória ao Santos.
Sobram críticas também à formação tática escolhida por Abel. Com três zagueiros, o time não tem conseguido ser ofensivo como o técnico reitera a cada coletiva ser seu ideal com um esquema 3-5-2. Outro problema está sendo o sacrifício feito em relação a Endrick. Goleador nato, o garoto de 17 anos tem sido mais utilizado para a marcação para deixar o argentino Flaco López — artilheiro do Paulistão com 10 gols — no comando do ataque. No entanto, a comissão técnica portuguesa deve insistir no sistema. Há dúvidas se Marcos Rocha fica na zaga pela direita ou se o paraguaio Gustavo Gómez volta a ser titular. O restante do time tende a ser o mesmo do jogo de ida.
Endrick é a maior esperança de bom futebol no Palmeiras. Vendido ao Real Madrid, o atacante foi a sensação do Brasil nos amistosos do mês passado e encantou a imprensa europeia. No time alviverde, fará sua última final antes de embarcar para a capital espanhola. Em junho deve servir a seleção na Copa América e após o torneio vestirá a camisa merengue. Até lá, entrará em campo pelo Brasileirão, Libertadores e Copa do Brasil — troféus que ainda poderão constar no seu currículo —, mas nas quatro linhas sua despedida em finais pelo Palmeiras será hoje.
O roteiro favorável não tira a concentração do Santos para a decisão. Carille não tem muitas dúvidas sobre como montar a equipe. A única está no ataque. Julio Furch tem uma inflamação no tendão e no adutor esquerdo. O colombiano Morelos surge como favorito a ficar com a vaga de titular no setor ofensivo santista. Destaque no primeiro confronto, Guilherme tem conquistado a torcida com boas atuações e ressaltou a importância de equilibrar a ansiedade pelo jogo com a humildade na busca do resultado.
“A gente não pode ser surpreendido. Nós sabemos que enfrentá-los é muito difícil. Eles têm um grupo forte demais e que está há muito tempo junto. Conhecemos tudo isso e não podemos ter essa surpresa. Sabemos o que temos de fazer. É errar o menos possível e acertar na hora que tivermos a chance, pois eles não proporcionam muitas para os rivais”, disse Guilherme.
É na defesa, porém, que o Santos tem sua maior força para superar o Palmeiras. O zagueiro Gil, de 36 anos, lidera a retaguarda alvinegra e conta com a confiança do treinador. Sua parceria com Joaquim tem sido fundamental. Uma das preocupações para a final é com o poder da bola parada alviverde. Com a experiência do beque, a equipe espera se livrar de uma das armas dos rivais.
“Paulistão” e “título” se tornaram sinônimo de Fábio Carille. Se Abel almeja o tri do Estadual, Carille já buscou esse feito. Em 2017, 18 e 19, no comando do Corinthians, o treinador provou seu potencial e se tornou um dos principais nomes do País na função. Um desses troféus foi conquistado sobre o Palmeiras. Em uma final recheada de polêmicas de arbitragem, Carille reverteu uma derrota em casa para comemorar o título na casa do arquirrival. Neste domingo, o cenário é menos complicado do que em 2018 e a façanha pode ser repetida.
(Estadão Conteúdo)