Terror em campo: o que houve com o meia Caio Cézar, do Bangu, no CIC
Médico do São Bento explica situação, que ocorreu no mesmo dia que outro susto na Eurocopa
Em 17 anos atuando como médico do São Bento, dr. Cássio Rusconi nunca havia presenciado uma situação parecida com a sofrida pelo jogador Caio Cézar, do Bangu, que passou mal e teve uma crise convulsiva no estádio Walter Ribeiro (CIC), em Sorocaba, em partida que acabou 1 a 1, pela segunda rodada da Série D do Campeonato Brasileiro.
Segundo o profissional, o meia, que jogou pelo Bentão em 2017 e não tem histórico do problema apresentado, sofreu uma síncope e, logo em seguida uma crise convulsiva, que durou entre 15 e 20 segundos.
“Ele já estava tendo sintomas durante o jogo, cefaleia e peso no ouvido esquerdo, segundo comentou com o médico do Bangu no primeiro atendimento. Logo depois que ele foi substituído, levantou da maca, teve essa síncope e caiu sobre as placas de propaganda”, iniciou o especialista.
“Eu vi o desespero do médico do Bangu chamando ajuda, nem percebi como estava a partida, porque o árbitro estava de costas para mim e ele tem que autorizar nossa entrada em campo, mas, nesse caso, vi o desespero e saí correndo com a partida em andamento. Depois do meio de campo que o árbitro notou que estava acontecendo alguma coisa e paralisou o jogo”, complementou.
Segundo relato do médico, a crise convulsiva havia acabado de começar quando ele chegou junto do jogador, do outro lado do gramado. Uma ambulância, então, foi chamada, e o jogador, já consciente, foi encaminhado para a emergência de um hospital da cidade, onde passou por exames e ficou sob observação. Conforme informado pelo Bangu, a alta aconteceu na mesma noite, por volta das 21 horas.
Caio Cézar, então, foi levado ao hotel onde o elenco tinha ficado hospedado, mas que já tinha partido para o Rio de Janeiro. O jogador ficou sob cuidados do médico do clube, Dr. Rômulo Capello, e diretores e gerente de futebol, retornando na madrugada de segunda-feira (14).
No momento, ele está de repouso em casa e terá alguns dias de descanso para cumprir protocolo médico. Novos exames podem ser realizados, se necessário, mas, caso tudo ocorra conforme o planejado, retornará a jogar em breve.
Infeliz coincidência
No mesmo dia, um pouco mais cedo, o meia Christian Eriksen, da Dinamarca, passou por uma situação muito parecida, mas muito mais grave, já que sofreu uma parada cardíaca em campo, no duelo contra a Finlândia, pela primeira rodada da Eurocopa. No momento, ele está com quadro estável no hospital Rigshospitalet, em Copenhagen, aguardando novos exames.
“Por ter ocorrido no mesmo dia, a gente fica mais apreensivo. Quando chegamos no atendimento inicial e percebemos que ele (Caio Cézar) estava se movimentando, foi uma crise convulsiva, então a gente sabe que não teve parada cardiorrespiratória. Teoricamente é um caso mais simples, mas tem vezes que a crise é tão intensa que o paciente chega a ter, sim, uma parada cardíaca, mas não foi o caso. Mas assusta, independente de ser um caso simples ou não, porque ali no campo não temos todas as ferramentas para fazer o diagnóstico, que só foi feito no hospital”, disse dr. Cássio Rusconi.
O médico do São Bento ainda informou que o comitê médico da Federação Paulista de Futebol realiza treinamentos anuais com os médicos dos clubes tanto para concussão cerebral, quanto para reversão de parada cardiorrespiratória.
“Os times dos outros Estados não têm (os treinamentos). Eu sempre levo um desfibrilador em campo junto comigo, já combino com o massagista, dependendo do movimento que eu fizer, ele sabe que é para sair correndo para levar o equipamento. Isso é importante, porque pode salvar vidas no atendimento de urgência”, finalizou.
Após empate com o Bangu, o São Bento é agora o sexto colocado no Grupo A7, com dois pontos conquistados. Madureira e Boavista somam quatro pontos e estão em primeiro e segundo lugares, respectivamente. O próximo compromisso da equipe comandada por Paulo Roberto será no domingo, às 16h, diante da Inter de Limeira, também no CIC.