São Bento cria comissão para estudar regulamento sobre o assunto

Por Thaís Marcolino

Vinícius Rostelato, presidente do Conselho Deliberativo

O São Bento criou uma comissão formada por conselheiros e sócios para estudar o regulamento da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Em dois anos, inclusive, o clube recebeu três propostas a respeito, que não seguiram em frente. Tais informações foram passadas à imprensa na coletiva de segunda-feira (13) pelos presidentes do clube, Almir Laurindo, e do Conselho Deliberativo, Vinícius Rostelato.

Criada pelo Congresso em 6 de agosto de 2021, por meio da Lei 14.193/2021, a SAF é um tipo específico de empresa. A legislação estimula que clubes de futebol migrem da associação civil sem fins lucrativos para a empresarial. A Lei da SAF, como ficou conhecida, incentiva a mudança para este formato de clube-empresa, que dispõe de normas de governança, controle e meios de financiamento específicos para a atividade do futebol.

Para o Azulão, há alguns pontos importantes que devem nortear as conversas com potenciais investidores. “A gente quer criar um regulamento com exigências mínimas, como manter o time em Sorocaba, manter o escudo, não poder vender o CT Humberto Reale, manter e evoluir o patrimônio, entre outros. Tudo isso porque, por exemplo, a gente pode se deparar com um empresário que se interessa pela SAF e decide manter apenas a base e viver com a venda de atletas, o que não é interessante para a gente e nem para nenhum torcedor e sócio. Então, o Conselho Deliberativo trabalha em cima de fazer o regulamento e, a partir disso, apresentar aos interessados. Se houver interesse e se, ainda sim, quiser continuar, vamos submeter a uma assembleia com todos os sócios e somente com a concordância de todos uma SAF pode ser criada”, detalhou Rostelato.

Almir Laurindo acredita que, se o São Bento continuar agregando parcerias, investidores e sócio-torcedores, talvez não seja necessário aderir ao modelo que tem se tornado comum no País, inclusive em grandes times, como o Cruzeiro. “Temos hoje quase 500 sócio-torcedores e 61 empresas parceiras; então, se continuar assim, o time vai ser associativo e não precisa entrar na SAF. Sabemos que quando vem um investimento muito maior, talvez seja bom, mas a gente não sabe ainda se o modelo é bom ou ruim mesmo. Um exemplo é o Ronaldo -- ele comprou 90% da SAF do Cruzeiro e saiu vaiado do jogo, se sentiu abalado por achar que tinha salvo o time, mas a torcida não quer nem saber, ela só quer saber de ganhar jogo. Futebol é isso, paixão.”

Com o terceiro rebaixamento em seis edições no Paulistão, muitos torcedores afirmam que a SAF seria a última saída pro time. Mas o presidente não acredita nisso. “Para ser autossustentável precisa de cota, de dinheiro. Se a gente está na Série A1, a cota é maior do que a A2, claro. Então, quando não se tem esse dinheiro, muitos pensam na SAF mas, como disse, ela não é certeza, porque depende de como o investidor vem com a proposta para o clube. Ela vem pra salvar o clube de quebrar mesmo, e não é o que o São Bento enfrenta agora”, finaliza Laurindo. (Thaís Marcolino)