Virar clube-empresa é salvação do São Bento

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Para Márcio Rogério Dias, futebol precisa ser encarado como negócio. Crédito da foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS (26/2/2020)

Para Márcio Rogério Dias, futebol precisa ser encarado como negócio. Crédito da foto: Fábio Rogério / Arquivo JCS (26/2/2020)

A paralisação das competições de futebol, em virtude da pandemia do novo coronavírus, derrubou a arrecadação dos clubes. As equipes mais atingidas são as participantes de divisões menores, tanto dos campeonatos estaduais quanto dos nacionais. Com o São Bento não é diferente.

Após os rebaixamentos em 2019 -- na Série A1 do Campeonato Paulista e na Série B do Campeonato Brasileiro --, a renda do time sorocabano já havia caído cerca de 80%. A suspensão das atividades afetou ainda mais, atingindo pelo 60% da receita prevista para este ano.

Em meio às dificuldades financeiras, o presidente beneditino, Márcio Rogério Dias, em entrevista à rádio Cruzeiro FM 92,3 na terça-feira (7), voltou a falar sobre a necessidade da transformação do Azulão em um clube-empresa. Atualmente, o time é uma associação sem fins lucrativos.

“Esse modelo, hoje associativo, é um modelo falido. Hoje, o São Bento joga para preservar a sua história. Estamos indo na contramão do futebol, que é um negócio. Não se pode, hoje, jogar dependendo única e exclusivamente de fraternidade e solidariedade”, afirmou.

A equipe de Sorocaba faz parte de uma comissão de clubes que discute com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) a transformação das associações em empresas. Os estudos para a transição do São Bento já estão em andamento e são vistos pela atual diretoria executiva como o maior legado.

Inclusive, em setembro do ano passado, o presidente beneditino esteve ao lado dos mandatários de São Paulo, Vasco, Bahia, Inter, Chapecoense, Vila Nova, Luverdense e Brusque, na sede da CBF, para tratar do assunto com o secretário-geral, Walter Feldman.

Pandemia derruba arrecadação

A queda na receita do São Bento aumentou em 2020 por conta da pandemia de Covid-19. Houve diminuição do número de sócios-torcedores, assim como pela falta de arrecadação de bilheteria em dias de jogos e pelo congelamento do repasse de alguns patrocinadores do Azulão.

“Houve suspensão de alguns contratos e redução de outros. Tem patrocínio que termina agora.” O patrocínio em questão é de uma empresa de plano de saúde, que passará por eleição e a renegociação deverá acontecer somente após o pleito.

Todos os jogadores passaram por uma renegociação de contrato. Até o momento, apenas o lateral-direito Marcos Martins não acertou a renovação. Apesar disso, o presidente admitiu que o clube está devendo os direitos de imagem aos atletas. Mas, pelo menos o valor do salário em carteira de trabalho está quitado.

“Hoje o São Bento tem o débito pendente com os atletas de direito de imagem. Não porque deixou de pagar porque quis ou porque contraiu uma dívida maior, mas porque não houve o recebimento do aporte financeiro”, revelou.

Por todo o cenário financeiro, Márcio Rogério se posicionou a favor da volta das competições. “Eu não consigo ficar pagando atleta em casa sem expor a marca do meu patrocinador”, pontuou.

Apesar da dificuldade, o São Bento ganhou uma folga no orçamento. O Moreirense, de Portugal, adquiriu os direitos federativos do goleiro Mateus Pasinato, que pertencia ao XV de Piracicaba, por cerca de R$ 1,4 milhão. Antes de ser emprestado aos portugueses, no entanto, ele defendeu o Bentão no ano passado. Apesar de ter feito apenas uma partida -- derrota para o Vila Nova (GO), por 1 a 0, na Série B -- rendeu cerca de R$ 150 mil aos cofres beneditinos.

“Nós conseguimos receber o direito de vitrine de 15% do valor líquido pela venda do goleiro Mateus Pasinato. O dinheiro chegou ontem (segunda-feira) à tarde. Neste mês, teremos saldo suficiente para pagar os nossos funcionários”, finalizou. (Zeca Cardoso)