Espanha vai às urnas com Sánchez liderando para eleger novo Congresso

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Partido do atual primeiro-ministro Pedro Sánchez venceu, mas terá de formar coalizão com partidos de esquerda para governar. Crédito da Foto: Arquivo/AFP

O favorito nas pesquisas é Pedro Sánchez, chefe de um governo minoritário desde junho. Crédito da foto: AFP.

A Espanha vota, neste domingo (28), em eleições legislativas em que o presidente do governo, o socialista Pedro Sánchez, é favorito, mas sem maioria absoluta, e com duas grandes incógnitas: o resultado da extrema direita e as possíveis coalizões de governo. Até às 20h00 (15h00 no horário de Brasília), cerca de 37 milhões de espanhóis são chamados para eleger os 350 deputados da câmara baixa e 208 dos 266 senadores.

O favorito nas pesquisas é Pedro Sánchez, chefe de um governo minoritário desde junho. Tudo indica que ele não terá maioria absoluta, sendo necessário o apoio de outros para continuar no poder. Por essa razão, depois de votar neste domingo, pediu "uma maioria parlamentar suficientemente ampla que permita quatro anos de estabilidade", para obter avanços nas áreas "de justiça social, harmonia nacional e limpeza política", depois de "muitos anos de instabilidade, de incerteza".

O partido de esquerda radical Podemos quer governar com ele, para garantir "a presença de políticas de esquerda na Espanha", como disse seu líder, Pablo Iglesias, confiante de que há "uma ampla maioria progressista" no país. Mas o socialismo enfrenta nessas eleições três partidos que já arrebataram a região da Andaluzia, seu maior reduto até recentemente: Ciudadanos, Partido Popular (PP) e o Vox de extrema direita.

A ascensão deste último é a grande novidade em um país onde, diferentemente do resto da Europa, a extrema direita era marginal até poucos meses atrás. Um fenômeno que os socialistas usaram como espantalho para mobilizar seus eleitores e, em particular, as mulheres, dado o discurso antifeminista do Vox. Sánchez "me parece uma opção moderada. Não fez muito mal nos últimos meses", disse à AFP em Madri Carlos González, aposentado da construção civil.

Em Barcelona, Victoria Gracia, de 59 anos, declarou ter votado no Podemos "para que façam um pacto com o PSOE", e porque considera "repulsivo" pensar em um Executivo de direitas. Ao seu lado, a aposentada Teresa Díaz se desencantou com o Ciudadanos, firme defensor da unidade da Espanha, frente ao desafio separatista da Catalunha. "Espero que a direita vença para colocar ordem aqui, mas estou angustiada".

Lógica de blocos

O líder do PP, Pablo Casado, disse estar aberto a governar com os liberais do Ciudadanos e com o Vox, um partido fundado há cinco anos e que vem lotando seus comícios em toda a Espanha há meses. As pesquisas apontam que o Vox deverá obter cerca de 30 assentos, apesar de alguns analistas alertarem que há um voto oculto e que poderá conseguir mais. Os três partidos querem "chutar Sánchez", e as eleições são apresentadas como uma batalha entre os blocos de esquerda e de direita.

No entanto, permanece uma possibilidade intermediária, não negada pelo líder socialista: a de se entender com o Ciudadanos, liderado por Albert Rivera, no caso de ser a única maioria possível do governo. Isso evitaria a Sánchez ter que contar com os partidos separatistas catalães, que em troca lhe pedem algo ao qual ele se opõe firmemente: um referendo sobre a autodeterminação.

Durante a campanha, grande parte do debate político girou em torno do conflito político com o separatismo catalão. Em junho, Sánchez se apoiou nos partidos catalães para fazer prosperar a moção de censura com a qual expulsou o conservador Mariano Rajoy. O movimento lhe rendeu acusações por parte da direita de ser um "traidor" e um "perigo público" e deu asas a uma extrema direita que na sexta-feira acusou o socialista e seus parceiros de representarem "a anti-Espanha", um conceito muito utilizado nos anos 1930.

O presidente de governo se defendeu, afirmando que foram os separatistas e a direita que derrubaram em fevereiro o seu Orçamento 2019, e forçaram as eleições antecipadas, as terceiras legislativas em apenas três anos e meio. A questão catalã será, em qualquer caso, um dos temas mais quentes para o próximo governo, enquanto o Supremo Tribunal continua o julgamento aberto em fevereiro de 12 líderes separatistas para seu papel na tentativa frustrada de secessão unilateral de 2017. (AFP)