Governo de Trump aumenta pressão para a reabertura de escolas
O governo Trump voltou a pressionar neste domingo (12) pela reabertura das escolas no outono no hemisfério norte, em um momento no qual o aumento de casos da COVID-19 nos EUA gera inúmeras advertências de que um retorno prematuro às aulas poderia piorar a situação.
Com número recorde diário de casos do vírus em várias regiões do país, um alto funcionário da Saúde disse neste domingo que todas as medidas possíveis para conter a doença devem ser consideradas. No sábado, até o presidente americano, Donald Trump, usou uma máscara em público pela primeira vez.
No entanto, em duas entrevistas na televisão, a secretária de Educação, Betsy DeVos, insistiu na necessidade de reabrir as escolas. "As crianças precisam voltar para a escola, precisam voltar para a sala de aula", afirmou DeVos à CNN, embora reconheça que devem ser levadas em consideração as condições de cada local.
"As famílias precisam que as crianças voltem para a sala de aula. E isso pode ser feito com segurança", ressaltou ela. Paralelamente, outro funcionário do governo Trump alertou que em algumas áreas o fechamento pode ser necessário.
O almirante Brett Giroir, secretário assistente do Departamento de Saúde, informou que, com o aumento das mortes pela COVID-19, o governo deve tomar todas as medidas possíveis para conter a doença, incluindo o confinamento.
"Estamos todos muito preocupados", disse ele à emissora ABC, ao sugerir um novo fechamento de bares, maior distanciamento em restaurantes e o uso praticamente universal de máscaras nas áreas mais afetadas, principalmente nos estados do sul do país, que permitiram uma reabertura agressiva.
Fundos federais
A pressão para a reabertura das escolas vem de cima, com Trump ameaçando segurar o orçamento federal às escolas que se negarem a reabrir, algo que DeVos voltou a confirmar.
Trump vem criticando as sugestões dos Centros para o Controle e a Prevenção das Doenças (CDCs) para uma reabertura segura das escolas, dizendo que as normas seriam muito rígidas e teriam um custo elevado.
Porém, muitos especialistas da área da educação defendem que a segurança dos milhões de estudantes, professores e funcionários desses espaços em geral só pode ser garantida com uma combinação de educação à distância e presencial, e em alguns casos apenas à distância. E que se fosse somente presencial, garantir a segurança geraria custos extremos.
DeVos foi questionada se o governo iria realmente reter os fundos federais destinados às escolas, que geralmente representam cerca de 10% do orçamento escolar local, uma contribuição primordial no momento em que os custos para a reabertura podem chegar a milhões de dólares.
"Não há o desejo de tirar o dinheiro deles", disse ela. "De fato, queremos ver as escolas abertas e estamos comprometidos em garantir que os recursos estejam disponíveis para isso".
No entanto, em entrevista à Fox News, ela foi mais direta e afirmou explicitamente que, se uma escola não reabrir, não deve receber o dinheiro dos fundos federais.
Isso provocou uma forte indignação da líder democrata da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, que considerou os comentários de DeVos como sendo uma "negligência e descumprimento do dever".
"Eles estão brincando com a saúde dos nossos filhos", ressaltou a líder democrata à CNN. "Todos queremos que nossos filhos voltem para a escola. Professores, pais e filhos. Mas eles devem retornar em segurança", acrescentou.
Neste fim de semana, vários estados do país registraram picos nos registros diários de casos do novo coronavírus.
Em particular, a Flórida (sudeste) registrou em um dia 15.299 novos casos da COVID-19, estabelecendo um novo recorde para um estado nos EUA, segundo dados oficiais divulgados neste domingo.
O aumento nos casos de coronavírus pressionou alguns governadores dos estados do sul a desacelerar ou recuar em relação à reabertura, e alguns impuseram o uso de máscaras.
No sábado, o governador democrata, John Bel Edwards, da Louisiana impôs o uso obrigatório de máscaras na maioria das situações do cotidiano, e ordenou o fechamento dos bares.
Os Estados Unidos são o país mais afetado no mundo pela pandemia, com um total de quase 135.000 mortes e mais de 3,2 milhões de casos.
As unidades de UTI em muitos hospitais já operam perto do limite e no Arizona houve relatos de que as autoridades locais compraram caminhões refrigerados porque os necrotérios estariam cheios. (Brian Knowlton - AFP)